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Plano Safra: atrás nas pesquisas, dilema de Bolsonaro é abrir o ‘saco de bondades’ a um “setor já dele”

24 jun 2022, 12:26 - atualizado em 24 jun 2022, 12:45
Soja Agricultura Agronegócio
Aumento de novos recursos para a agricultura esbarra nos juros (Foto: ANeto)

O Plano Safra do ciclo 22/23 está previsto para ser anunciado dia 29 e se há uma expectativa favorável sobre o montante a juros controlados, acima do que está na mesa de Paulo Guedes, ela pode ser atribuída às últimas pesquisas eleitorais bem favoráveis ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

A possibilidade de o governo Bolsonaro abrir o ‘saco de bondades’ daqui para frente, para encurtar a distância do oponente a 100 dias das eleições, não está descartada, apesar das dificuldades orçamentárias.

Com a Selic a 13,25%, já não é uma decisão fácil elevar para R$ 330 bilhões (30% sobre o anterior), com equalização pelo Tesouro das taxas de juros de até R$ 22 bilhões, como o Ministério da Agricultura (Mapa) defende junto ao ministro da Economia.

A vantagem do governo é que se não gastar mais do previsto, eleitoralmente não deverá ter prejuízos.

“Para que vai gastar com um setor que é dele”, diz um membro técnico da Frente Parlamentar Agropecuária (FPA), fazendo alusão ao poio maciço dos empresários do agronegócio ao presidente Jair Bolsonaro.

Por outro lado, o economista-chefe da Federação da Agricultura do Rio Grande do Sul (Farsul), Antônio Da Luz, até acredita que poderá ser até acima daquela expectativa, dado a alta dos “custos de produção, que implicaria numa necessidade de 50% a mais”.

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Juros livres

“Mas esse crescimento, se sair, será no montante a juros livres dos bancos”, explica.

Se o governo decidir abrir o pacote de ajuda mesmo para o agronegócio, com juros controlados, não deverá ser com taxa de 9,9%. “Só se passasse de dois dígitos”, avalia, por sua vez, o supervisor de Agronegócio do Banco Sicoob, Gustavo Soares.

Ou seja, o Tesouro gastaria muito mais e o montante a ser ofertado com subsídio seria bem maior dos que os R$ 120 bilhões prognosticados com a equalização pedida.

Muito difícil de ser aceito pela Economia.

Então, prevalecendo a alta com recurso próprio livre (RPL) do sistema financeiro, como diz o economista da Farsul, “não será por mérito do governo”, esclarece Soares, do banco cooperativo.

Vale lembrar que o governo promulgou ontem, com vetos, a questão do teto do ICMS de 17% para combustíveis (e outros setores), iguais para os estados, que deve baratear os preços às custas do produtor, mas também se comprometeu a bancar os estados que apresentarem perda de arrecadação, como também reembolsará aqueles que zerarem totalmente o imposto até dezembro.

E ainda há a possibilidade do voucher aos caminhoneiros bater em R$ 1 mil.