AgroTimes

Plano Safra 2024/2025: ‘O Governo precisa entender que os produtores do RS vão precisar de anistia, além de menores taxas’

19 jun 2024, 15:28 - atualizado em 19 jun 2024, 16:07
plano safra rio grande do sul (1)
O presidente da Cresol ressalta a necessidade de linhas de crédito para investimento aos agricultores do RS no novo Plano Safra (Foto: Cresol)

O novo Plano Safra 2024/2025 precisa incluir medidas e linhas especiais aos produtores do Rio Grande do Sul, segundo o presidente da Cresol, Cledir Magri, em entrevista ao Money Times. A Cresol é uma das principais instituições financeiras cooperativas do país, sobre o que deve estar presente no novo Plano Agrícola e Pecuário. A empresa conta com mais de 900 mil cooperados e 871 agências de relacionamento em 19 estados.

A expectativa é de que o programa seja divulgado na terça (25) e quarta (26) da semana que vem, em duas datas, uma para agricultura familiar e outra para médios e grandes produtores, assim como aconteceu em 2023. De acordo com o ministro da Agricultura, Carlos Fávaro, o lançamento do Plano Safra para médios e grandes produtores será na próxima quarta.

O programa tem como objetivo a geração de recursos destinados ao financiamento da nova safra agrícola no Brasil. Neste novo ciclo, a instituição financeira deve repassar R$ 15 bilhões, sendo esse o maior Plano Safra de sua história, bem acima dos R$ 11 bilhões de 23/24. Para Magri, é necessária uma maior atenção ao estado gaúcho no novo programa, em meio às enchentes que devastaram o estado.

  • É hora de investir nesta “gigante” do agro, diz analista. Companhia está descontada e faz parte da carteira de “top picks” da analista Larissa Quaresma, da Empiricus Research. Clique aqui e confira o nome da ação.

Cresol fala sobre o Plano Safra 24/25

Monet Times: Quais são as expectativas de vocês para o Plano Safra?

Cledir Magri: Esperamos um aumento no volume de recursos, seja para agricultura familiar ou para o setor empresarial, além disso, esperamos uma redução nas taxas de juros, pela queda da Selic, se comparado ao Plano Safra passado.

Outro ponto que esperamos é um aumento do limite de CPF por mutuário. Hoje, por exemplo, um agricultor pode acessar R$ 250 mil no ano agrícola. Fora isso, acreditamos que a aplicação de crédito deve estar acompanhando da assistência técnica.

MT: Vocês acreditam que as menores taxas de juros serão um dos grandes pontos de destaque do Plano Safra?

CM: Honestamente, não acredito em grandes cortes. Um tema bastante sensível quando tratamos de política pública para agricultura é o Proagro, que é o seguro para o produtor rural.

Nos últimos anos, uma avaliação que o custo dessa operação é bastante alta. Então, a discussão da redução da taxa de juros ganha uma menor importância, em função do Proagro, do seguro agrícola para agricultura. 

No Rio Grande do Sul, foram vistas três anos de estiagens severas, e em 2024, vimos seca no começo do ano e esse cenário trágico pelas cheias, e o Proagro tem uma participação relevante nessa discussão.

O que eu tenho observado é que por mais que tenha uma redução significativa na taxa Selic, talvez a redução nas taxas de juros tende a ser menor, exatamente para compensar esse custo elevado que tem sido gerado ou ocasionado em função do Proagro

MT: Como você avalia o leilão do arroz? 

CM: Acompanhei essa questão de perto, e apesar das perdas pelas enchentes, a safra de arroz do Rio Grande do Sul será similar a do ano passado, pelos problemas de estiagem do último ciclo.

Do ponto de vista do produtor, haverá impactos em termos de preço. Do lado do consumidor, a entrada de produtos de fora naturalmente ajuda no controle de preços, evitando a especulação.

MT: As medidas anunciadas até aqui para o Rio Grande do Sul foram suficientes?

CM: Diante da catástrofe, as medidas para o Rio Grande do Sul foram suficientes? Não. Eu moro aqui no estado e vejo que há muito a se fazer. Se analisarmos especificamente a agricultura, temos casos que só restou, e eu não posso dizer que só sobrou, mas restou apenas o principal, a vida das famílias, o resto foi perdido. Claro que isso é o mais importante, mas não sobrou casa, animais ou estrutura.

Ouvi de um associado nosso dizer que está em um estado vegetativo, uma vida morta do ponto de vista emocional. Com certeza, tiveram medidas importantes, como foi a questão da linha de crédito de R$ 1 bilhão anunciada pelo Governo em linhas do Pronaf e Pronamp, mas não é suficiente.

Não é suficiente porque já existem agricultores com empréstimos contraídos de safras anteriores e a capacidade de renda deles foi dizimada. A prorrogação dos pagamentos para 90 dias do vencimento também foi importante, para entendermos o tamanho do impacto, mas entendo que está longe de ser suficiente frente ao tamanho do estrago, e isso de alguém que vive no estado.

MT: O que seria uma verdadeira ajuda, um conjunto de ações efetivas, aos agricultores do RS, que precisam estar presente no Plano Safra?

CM: Primeiramente, precisamos identificar os municípios em estado de calamidade. Temos casos de agricultores que vão precisar de anistia das suas dívidas. Não adianta apenas prorrogar, muitos não têm condições de arcar com essas despesas.

Sendo assim, principalmente em municípios em calamidade no estado, é necessário olhar a situação dos créditos contraídos, e aquelas operações que não está amparadas pelo Proagro.

Precisamos olhar para condições mais especificas ao agricultores gaúchos no novo Plano Safra, especialmente no que se diz respeito a menores taxas de juros e alongamento de prazos, sobre pena dos agricultores não seguirem na atividade.

Muitos deles precisam de recursos de investimento, porque precisam reconstruir suas propriedades. Os solos foram extremamente danificados, e com isso, se faz necessário investimentos para recuperação da terra. É preciso olhar nos linhas de crédito para investimento, com condições de taxa de juros acessíveis e prazos alongados. Fora isso, precisamos discutir o estado emocional, a saúde mental do Rio Grande do Sul.

Ajuda do Mapa ao estado gáucho

Na semana passada, na segunda semana de atuação do Gabinete Itinerante do Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa), a equipe técnica realizou reuniões nos municípios da Região Metropolitana da Serra Gaúcha, que foram afetados pelas fortes chuvas e cheias que assolaram o estado gaúcho.

Em 28 de junho, foi lançado o Programa Emergencial de Reconstrução do Agronegócio do Rio Grande do Sul (PERSul), durante visita do ministro da Agricultura, Carlos Fávaro, por meio da Portaria nº 863/2024.

O PERSul visa apoiar a recuperação das atividades agropecuárias nas regiões severamente afetadas por enchentes e deslizamentos, devido às intensas chuvas que assolaram o estado gaúcho. O programa tem vigência até o dia 31 de dezembro de 2024.

Compartilhar

TwitterWhatsAppLinkedinFacebookTelegram
Giro da Semana

Receba as principais notícias e recomendações de investimento diretamente no seu e-mail. Tudo 100% gratuito. Inscreva-se no botão abaixo:

*Ao clicar no botão você autoriza o Money Times a utilizar os dados fornecidos para encaminhar conteúdos informativos e publicitários.

Usamos cookies para guardar estatísticas de visitas, personalizar anúncios e melhorar sua experiência de navegação. Ao continuar, você concorda com nossas políticas de cookies.

Fechar