Plano Estratégico da Petrobras (PETR4): Dividendos correm risco?
A Petrobras (PETR3;PETR4) divulgará o seu Plano Estratégico de cinco anos na próxima sexta-feira. O documento é aguardado com grande ansiedade pelo investidor, já que definirá onde e como a estatal usará seus recursos, incluindo o pagamento de dividendos, principal chamariz da estatal.
E é justamente esse o ponto principal de preocupação dos mercados. Porém, para o BTG Pactual, o novo plano não impedirá a capacidade da empresa de distribuir substanciais dividendos no futuro.
Até o momento, notícias dão conta que a estatal irá investir US$ 100 bilhões, porém o banco calcula investimentos de US$ 86 bilhões para o mesmo período, excluindo fusões e aquisições. Mesmo assim, os analistas Pedro Soares e Thiago Duarte acreditam que se a estatal anunciar US$ 100 bi, a reação do mercado será neutra.
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Petrobras: Esqueça os dividendos extraordinários
Apesar do otimismo, o BTG não enxerga o pagamento de dividendos extraordinários para a estatal, muitas vezes o principal argumento para o investidor comprar Petrobras. Mas isso não necessariamente é um problema.
“Mesmo que a recente proposta para criar uma reserva de capital seja aprovada, potencialmente aumentando a flexibilidade da empresa na retenção de lucros para fusões e aquisições, ainda vemos a Petrobras sendo negociado a 13% DY em 2024, com base apenas em sua política de dividendos (45% da geração de caixa menos investimentos) e excluindo distribuições únicas”, explica.
Mesmo assim, diz o BTG, esses números se baseiam em projeções conservadoras. Há uma maior probabilidade de aumentos na produção e nos crack spreads, e a previsão de investimentos de US$ 20 bilhões pode estar no lado mais alto.
Riscos aumentaram, mas…
O banco explica que a potencial criação de uma reserva de capital que reduz a probabilidade de pagamentos extraordinários, a recente proposta para remover certas restrições à nomeação de executivos ao abrigo da lei das Estatais e os rumores de uma mudança de CEO são desenvolvimentos negativos para a Petrobras.
“Mas embora reconheçamos que isto aumenta o prémio de risco de curto prazo exigido pelos investidores, acreditamos que os mecanismos de defesa existentes nos estatutos da empresa e na lei das empresas públicas prevalecerão e impedirão a alocação de capital para empreendimentos menos lucrativos, pelo menos nos próximos 24 meses, apesar de provavelmente estar abaixo do ROIC (retorno sobre o capital investido) do pré-sal”, argumenta.
Por fim, o BTG espera que a empresa gere mais caixa do que pode gastar, como tem feito nos últimos três anos.
Na visão da Ativa Investimentos, o investidor deve se ater não apenas ao tamanho do plano, mas também ao seu aspecto qualitativo.
“Em linhas gerais, acreditamos que a dinâmica comercial, a política de dividendos e a alocação estratégica representam o tripé fundamental da tese de investimentos de Petrobras e após divulgar políticas de preços de derivados e dividendos que, embora representem um retrocesso frente ao que a companhia dispunha, possuem termos muito menos nocivos que o anteriormente esperado, o lançamento de um plano de investimentos muito agressivo pode desestabilizar este tripé e, por conseguinte, a confiança do mercado na tese”, coloca.