Política

Plano de Petro por mudança na Colômbia preocupa Forças Armadas

14 jun 2022, 11:37 - atualizado em 14 jun 2022, 11:37
“A função do Exército é defesa e a função da polícia é proteger direitos e liberdades”, disse Petro (Imagem: REUTERS/Luisa Gonzalez)

Membros das Forças Armadas da Colômbia estão preocupados com a possibilidade de enfrentar mudanças significativas se o candidato de esquerda Gustavo Petro vencer a eleição presidencial deste mês, disseram à Reuters mais de uma dezena de oficiais da ativa e da reserva.

Os militares colombianos combatem movimentos de guerrilha há décadas e têm um papel de longa data na guerra às drogas dos Estados Unidos. Grandes mudanças afetariam potencialmente a cooperação internacional contra a produção de cocaína, disseram militares da ativa que não quiseram ser identificados porque não estavam autorizados a falar sobre eleições.

A Colômbia deve gastar 12% de seu orçamento de 2022 –equivalente a 11 bilhões de dólares– em defesa, o segundo maior da América Latina depois do Brasil.

Petro, um crítico do establishment militar e ex-membro do grupo guerrilheiro M-19, prometeu que os militares acusados ​​de violações de direitos humanos serão julgados em tribunais regulares, em vez das cortes militares que tradicionalmente distribuem sentenças mais leves.

Ele também promete uma reestruturação total da polícia, incluindo o desmantelamento de seu criticado esquadrão de choque.

“A função do Exército é defesa e a função da polícia é proteger direitos e liberdades”, disse Petro à Reuters em entrevista na semana passada, acrescentando que planeja profissionalizar as Forças Armadas encerrando o serviço militar obrigatório para homens.

Nos últimos anos, os militares colombianos enfrentaram um julgamento público sobre uma de suas mais notórias violações de direitos humanos, o escândalo do “falso positivo”, no qual soldados assassinaram mais de 6.000 pessoas e as registraram como guerrilheiros mortos em combate para ganhar promoções.

Petro, que ficou preso por 16 meses em 1985 e alega ter sido torturado pelos militares, disse que fará uma “mudança radical” no sistema de promoções dentro das Forças Armadas para torná-lo baseado no mérito.

Os planos de Petro contrastam fortemente com os de seu rival –o empresário Rodolfo Hernández– que diz que vai modernizar equipamentos militares, apoiar operações conjuntas, aumentar salários e expandir o treinamento em direitos humanos.

Alguns políticos e empresários temem que o potencial triunfo de Petro possa desencadear um motim entre os militares, mas onze oficiais da ativa do Exército, Força Aérea, Marinha e polícia que falaram à Reuters descartaram essa possibilidade.

“Quem for eleito presidente, todas as tropas, do soldado mais humilde ao general mais graduado, o reconhecerão”, disse um general do Exército com 35 anos de experiência militar. “Aqueles que não estão de acordo ou se sentem desconfortáveis, sua única opção é a reserva.”

“Não há muito que as Forças Armadas possam fazer além de cumprir as ordens (do vencedor)”, afirmou John Marulanda, antigo coronel do Exército que é presidente da associação de oficiais militares reformados.

Uma fonte da polícia e um oficial do Exército disseram à Reuters que quando Petro foi prefeito de Bogotá, ele era muito respeitoso em sua interação com eles.

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