Plano de digitalização do Itaú é notável no papel. Mas será, também, na prática?
O Itaú Unibanco (ITUB4) atraiu a atenção do mercado com um plano ousado para migrar seus negócios para o mundo digital. Em vez de construir uma operação paralela, como o Bradesco (BBDC4) e seu banco digital Next, o Itaú decidiu digitalizar a si mesmo.
O primeiro passo foi a assinatura de um acordo com a Amazon. O contrato de dez anos prevê a migração de todos os sistemas de tecnologia da informação do Itaú Unibanco para a nuvem mantida pela gigante americana de e-commerce e serviços de TI.
Considerando-se que, nos dias de hoje, a área de tecnologia é uma peça fundamental para o sucesso de qualquer banco, a tarefa é gigantesca. Para começar, os códigos de todos os seus sistemas terão de ser reescritos para se adequarem à vida na nuvem. Cerca de 1,3 mil profissionais de TI do Itaú já foram treinados para a tarefa.
Passo necessário
Apesar de ser uma tarefa colossal, o plano do Itaú foi bem recebido pelos analistas do BTG Pactual (BPAC11). Eduardo Rosman e Thomas Peredo, que assinam o relatório sobre o assunto, afirmam que “este é um importante movimento, alinhado à estratégia do Itaú de transformar digitalmente a si mesmo”.
Sobre as potenciais vantagens dessa estratégia, o BTG cita uma entrevista de Ricardo Guerra, líder de TI do Itaú, ao jornal Valor Econômico. Nela, o executivo lista, entre outros ganhos da digitalização, a maior rapidez no desenvolvimento de produtos e serviços e uma melhor organização do banco de dados.
O BTG também resgata uma conversa que manteve com Milton Maluhy, ainda como diretor financeiro do Itaú e antes, portanto, de ser nomeado o sucessor de Cândido Bracher como CEO. Naquela ocasião, Maluhy explicou que o Itaú precisa mudar seu modo de pensar a organização, corrigir os antigos sistemas de TI, buscar tecnologia de ponta e investir na nuvem para atender rapidamente os clientes.
Hora H
Após ponderar que a digitalização é “muito mais que apenas consertar sistemas antigos”, o BTG Pactual afirma que “parece caminhar na direção correta e tomar as decisões certas para transformar o banco de dentro para fora”.
A preocupação, agora, é com a capacidade de tirar os planos do papel e reinventar, na prática, o Itaú. “Agora, precisamos saber se eles também se destacarão na execução e quando será possível ver os resultados de modo claro”, concluem os analistas.
O BTG Pactual reforçou sua recomendação de compra para os papéis, com preço-alvo de R$ 34 para os próximos 12 meses. O valor embute uma alta potencial de 17,4% sobre a cotação usada como referência pelos analistas.