PIX Parcelado: Quais são as vantagens e desvantagens da modalidade?
Apesar de só existir há pouco mais de um ano, o PIX já se consolidou como a alternativa mais utilizada para transações financeiras, sendo que, desde o fim de 2021, o Banco Central registra mais de 1 bilhão de transações todo mês.
A modalidade responde por 72% das operações financeiras, considerando TED, DOC, TEC, boleto e cheque.
Recentemente, algumas instituições financeiras começaram a oferecer a modalidade de PIX parcelado.
Especialistas alertam, no entanto, que apesar dos atrativos, algumas desvantagens devem ser consideradas antes que qualquer pessoa opte por utilizá-lo.
Isso porque a novidade do PIX parcelado amplia a capacidade de compra, mas também gera riscos a médio e longo prazo, além dos juros.
A nova modalidade se une a outras possibilidades do PIX, como o cobrança.
Como funciona o PIX parcelado?
A nova modalidade é bem simples. Quem recebe a transferência PIX, recebe o valor integral, enquanto quem enviou pode pagar as parcelas ao longo dos meses, em um formato parecido com o cartão de crédito ou empréstimo pessoal.
Desta forma, funciona como uma solicitação de “adiantamento” ao banco, que disponibiliza o valor total para a transferência e, seguindo as condições de juros e parcelas de cada instituição, o cliente paga ao longo do tempo.
Algumas instituições já estão trabalhando com a nova modalidade, como é o caso do Santander, PicPay, MercadoPago e Digio (Banco Digital do Bradesco).
Cada instituição financeira tem a possibilidade de operar as condições do PIX parcelado da sua maneira. O Santander, por exemplo, segue as condições de contratação de crédito, permitindo parcelamento em até 24x, sujeito à juros e parcelas a partir de R$ 5.
As vantagens e desvantagens da modalidade
Ricardo Teixeira, coordenador do MBA de Gestão Financeira da Fundação Getulio Vargas (FGV), destaca que a grande vantagem é ter um crédito pré-aprovado para fazer um PIX imediatamente, mesmo que o dinheiro não esteja disponível no momento. Em contrapartida, a maior desvantagem é arcar com as parcelas de um empréstimo feito pelo banco e, consequentemente, com os seus juros.
“Por exemplo, ao fazer uma viagem, você pode pagar à vista ou em parcelas, e no parcelamento tem juros. A viagem já saiu mais cara. Então significa que algo lá na frente que você poderia comprar, você vai ter gasto [o valor] com juros. A mesma coisa vale para o PIX parcelado”, destaca Teixeira.
Claudio Felisoni, presidente do Instituto Brasileiro de Executivos de Varejo (IBEVA) e professor da Faculdade e Economia e Administração da USP (FEA-USP), lembra que a modalidade pode acabar gerando endividamentos.
“Sem dúvidas, [a alternativa do PIX parcelado] é uma vantagem adicional, mas é preciso ter muito cuidado com isso, porque facilmente as pessoas podem perder controle sobre seus orçamentos”, afirma Claudio Felisoni.
Para exemplificar, Felisoni cita o cartão de crédito e os riscos de não conseguir arcar com as parcelas: isso porque o PIX parcelado também é uma categoria de operação em que o banco disponibiliza crédito ao cliente. Ou seja, se o valor não é “pago”, esse cliente pode entrar no cheque especial com juros extremamente elevados.
Vale a pena recorrer ao PIX parcelado?
Teixeira acredita que a modalidade vale a pena se o não pagamento acarretar consequências piores. Mas é melhor evitar o PIX parcelado no dia-a-dia e para compras planejadas.
Também vale ponderar: o PIX parcelado também vai valer a pena desde que o desconto do pagamento à vista supere o valor total que será pago levando em conta os juros.
Ou seja, Teixeira indica que a pessoa calcule quanto terá de abatimento ao fazer o pagamento à vista e quanto efetivamente terá que pagar ao banco, levando em conta os juros.
Felisoni avalia que o PIX Parcelado é uma facilidade que pode ser aproveitada, desde que se tenha um rigoroso controle sobre as despesas, visto que a dívida futura é o maior dos problemas.
Dicas para evitar apertos financeiros
Para evitar apertos financeiros, Ricardo Teixeira destacou que não utilizar o PIX parcelado constantemente é fundamental, utilizando como critérios emergências que exijam o pagamento imediato e situações em que valerá a pena.
No mais, destaca que toda decisão financeira deve ser feita com base na análise dos prós e contras da situação em sua totalidade.
“A melhor recomendação possível que eu posso dar é viver de acordo com o dinheiro que você tem, não se endividando, não empurrando para o futuro obrigações para conseguir algo hoje”, explica.