Internacional

‘Pito’ do Irã no Brasil preocupa empresários pelo potencial de retaliação nos negócios

07 jan 2020, 11:23 - atualizado em 07 jan 2020, 11:28
Milho é o principal produto da pauta exportadora brasileira ao Irã (Imagem: REUTERS/Joshua Lott)

Tanto quanto o temor de um conflito no Oriente Médio, que prejudique as importações iranianas de produtos brasileiros, alguns setores se manifestaram preocupados com o ‘pito’ que Teerã deu no Brasil. A encarregada de negócios da embaixada foi chamada para escutar a contrariedade do Irã sobre a nota do Itamaraty apoiando a luta dos Estados Unidos contra o “flagelo do terrorismo”, se referindo ao ataque que vitimou o general Qassem Soleimani.

Três importantes empresários – dois líderes de entidades, de grãos e de proteína animal, e de uma trading com negócios na região –, ouvidos por Money Times ficaram preocupados com qualquer possibilidade do regime dos aitolás retaliar as exportações brasileiras.

“Inclusive em caso de não acontecer um conflito armado mais sério”, disse um deles. Ou mesmo após uma possível escalada militar – situação que já paralisaria as vendas, naturalmente -, ainda não descartada ante alguma retaliação mais séria como prometida pelo Irã.

Todos os três pediram anonimato, para que também o governo de Jair Bolsonaro não interprete como sendo críticas à atitude tomada de apoio aos americanos, ainda na sexta (3).

Mas o temor existe, dadas as condições sempre difíceis de negociações comerciais com Teerã, especialmente agora com o tempero geopolítico.

Afinal, são mais de US$ 2,2 bilhões em exportações do agronegócio para o país do Golfo Pérsico.

Não à toa, nesta manhã de terça (7), o presidente da República anunciou que vai tentar entender a chamada da representante diplomática brasileira, vista a princípio como um ato normal, dentro dos protocolos tradicionais, e que teria se desenrolado de maneira “cordial”, como a chancelaria divulgou.

Porém, também entendido como um ato de reprimenda pelo país anfitrião.

O País vende carne bovina, grãos – em milho o Irã comprou 14% de todo embarque do Brasil, perto de US$ 1 bilhão/5,4 milhões de toneladas de janeiro a novembro de 2019 – e açúcar.

Na mão de volta, entra ureia iraniana como matéria-prima para fertilizantes.