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Piora da pandemia força Santander Brasil a mandar pessoal de volta ao home office

26 mar 2021, 10:31 - atualizado em 26 mar 2021, 10:31
Home Office
A unidade brasileira do banco espanhol está mandando mais empregados trabalharem em casa (Imagem: Marcelo Camargo/Agência Brasil)

Há menos de um mês, o Santander Brasil (SANB11) tinha cerca de 65% de seus trabalhadores administrativos de volta aos escritórios, contrastando com seus dois maiores rivais, Bradesco (BBDC4) e Itaú Unibanco (ITUB4), que continuavam com quase todo o pessoal administrativo trabalhando em casa.

Agora, sob pressão dos funcionários e das autoridades de saúde que tentam intervir na pandemia descontrolada de Covid, a unidade brasileira do banco espanhol está mandando mais empregados trabalharem em casa.

“O grande drama é que todos os hospitais estão lotados, os bancos estão mandando os empregados para casa”, diz a presidente do sindicato dos bancários de São Paulo, Ivone Silva.

“Depois de brigarmos muito, o Santander reduziu o número de funcionários nos escritórios para 30%”, disse Silva.

Na última quarta-feira, o Santander disse num comunicado ao sindicato que reduzirá ainda mais o tamanho das equipes que trabalham em sua sede em São Paulo, mas não informou exatamente o tamanho da redução.

O Santander Brasil não quis comentar a afirmação de Silva de que isso só ocorreu por pressão do sindicato. Em comunicado aos funcionários, disse que a decisão de esvaziar os prédios se deve ao recrudescimento da pandemia.

Santander
A volta atrás do Santander Brasil é o último sinal de tensão entre empresas ansiosas por reabrir os escritórios (Imagem: Reuters/Sergio Moraes)

Na Espanha, uma terceira onda de Covid também forçou a sede a mandar os trabalhadores de volta para casa, reduzindo o percentual de trabalhadores presenciais para 30% a 40% em janeiro e fevereiro ante 50% a 60% em dezembro. Agora o banco voltou aos níveis de dezembro, segundo um porta-voz.

A volta atrás do Santander Brasil é o último sinal de tensão entre empresas ansiosas por reabrir os escritórios e a pandemia de coronavírus.

O BTG Pactual (BPAC11), maior banco de investimentos independente da América Latina, também reduziu recentemente o percentual de empregados trabalhando na sede do banco, de 30% para apenas 10%, segundo o sócio Mateus Carneiro, que chefia a área de Recursos Humanos.

Em entrevista à Reuters, Carneiro disse que mesmo com protocolos de segurança no escritório a volta ao trabalho remoto é inevitável neste momento para reduzir os riscos de contágio em transporte, e considerando o sistema de saúde próximo do colapso.

Os funcionários que continuam trabalhando na sede são testados para Covid duas vezes por semana e mantêm estações de trabalho distantes umas das outras.

“Nós esperávamos já estar numa situação diferente, mas por questão de segurança preferimos reduzir o pessoal trabalhando presencialmente.”

Coronavirus
Os funcionários que continuam trabalhando na sede são testados para Covid duas vezes por semana (Imagem: Sesi/Vinicius Magalhães)

A longo prazo, o trabalho remoto não deve ser a norma no BTG, disse Carneiro. O banco espera ter apenas de 15% a 30% de seus 3.800 funcionários trabalhando remotamente quando a pandemia for controlada.

Discussões internas no banco chegaram à conclusão de que a longo prazo, uma vez passada a pandemia, a presença física é importante para a área de banco de investimento, para mentoria de funcionários mais jovens pelos executivos e para a disseminação da cultura do banco.

Ainda há resistências à ideia de trabalho remoto. O presidente Jair Bolsonaro, depois de meses subestimando a pandemia, disse que o fato de presidente-executivo da Petrobras, Roberto Castello Branco, trabalhar de casa era “inaceitável”.

“Algumas empresas brasileiras, principalmente as de médio porte, ainda são muito controladoras e querem os funcionários por perto”, diz Tatiana Iwai, professora especializada em cultura corporativa do Insper.

O presidente-executivo do Santander Brasil, Sergio Rial, tem criticado o trabalho remoto, dizendo que atrapalha a disseminação da cultura do banco.

“Não vejo o trabalho remoto como uma grande revolução. Não é uma panaceia, algo tão transformacional como se poderia imaginar”, disse Rial numa teleconferência.

Os bancos estão entre os maiores empregadores do Brasil, com 450 mil funcionários trabalhando em funções muito diversas, dos atendentes nas agências a traders e executivos de banco de investimento.

O Bradesco e o Itaú Unibanco mantiveram de 94% a 97% dos funcionários administrativos trabalhando em casa. Os presidentes dos bancos disseram neste mês que ainda não têm ideia de quando será possível retornar aos escritórios. Mas afirmaram que o trabalho remoto deve ser adotado pelo menos por uma parcela do tempo quando a pandemia acabar.

Na Europa, HSBC, Lloyds, Nationwide Building Society e Santander UK já estão planejando reduzir o tamanho de seus escritórios e adotar o trabalho remoto combinado ao presencial em grande escala.

Ao mesmo tempo, o Santander e o Itaú no Brasil não estão seguindo uma recomendação do governo de abrir suas agências por um período inferior a cinco horas, segundo o sindicato dos bancários. A maior parte dos bancos cortou o horário de funcionamento das agências, mas lentamente retornou a períodos maiores de abertura.

Num comunicado aos clientes na quarta-feira, o Santander disse que fecharia temporariamente algumas agências pelas próximas duas semanas como uma medida emergencial para tentar reduzir o contágio por Covid, e reduziria o horário de funcionamento das agências em uma hora. O Itaú também disse num e-mail à Reuters que suas agências terão horários reduzidos em uma hora a partir desta sexta-feira.

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