Pior ainda está por vir: Brasil terá estagflação e Selic deve voltar a subir, prevê consultoria
A “fase de ouro” do Brasil deve ser de curta duração. O atual momento de recuperação econômica, melhora da situação fiscal e queda da inflação terá vida curta, prevê o BCA Research, que alerta: o pior ainda está por vir.
“O Brasil entrará novamente em um período de estagflação – crescimento fraco em meio à inflação alta – e o Banco Central continuará elevando a taxa básica de juros”, afirma, em relatório, a equipe de estratégia de mercados emergentes da consultoria canadense, comandada por Arthur Budaghyan.
Segundo ele, a atividade econômica irá perder força à medida que os preços das commodities negociadas no mercado internacional diminuam. Ao mesmo tempo, embora a inflação brasileira continue em trajetória de queda devido ao recuo do petróleo e aos cortes de impostos, o IPCA deve permanecer acima da meta do Banco Central.
Com isso, o Comitê de Política Monetária (Copom) deve dar continuidade ao ciclo de aperto da Selic devido ao crescimento dos salários e altos níveis de indexação de preços. Tal processo tende a provocar uma queda nos gastos do consumidor, retraindo a demanda.
Além disso, a iminente vitória do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva na disputa presidencial de outubro tende a levar a maiores gastos fiscais e maiores déficits orçamentários, prevê o BCA. Com isso, as preocupações com a dívida pública ressurgirão.
E os mercados?
Ainda que seja esperada uma vitória do petista na eleição, o BCA não descarta um surto de volatilidade do mercado doméstico. “O presidente Jair Bolsonaro pode tentar negar o resultado das urnas, embora sem sucesso”, avalia.
Com isso, o cenário doméstico somado à turbulência global são negativos para os ativos de risco brasileiros. “Nas carteiras de ações e renda fixa de mercados emergentes, a recomendação é de uma alocação neutra em Brasil”, afirma a equipe de estratégia de mercados emergentes do BCA.
Em relação à moeda, a consultoria reitera preferência pelo peso mexicano, em detrimento ao real brasileiro.
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