PicPay lança conta digital para microempresas e prevê movimentar R$ 31 bilhões em 2020
O PicPay vai começar a abrir contas de pagamentos para pequenos negócios ainda no primeiro trimestre e multiplicar a oferta de produtos financeiros em 2020, em meio aos esforços para se estabelecer como grande marketplace financeiro no Brasil.
“Até o fim de 2020, vamos ter tudo o que um grande banco tem em termos de produto”, disse à Reuters o presidente do PicPay, Gueitiro Genso.
Com cerca de 14 milhões de usuários, o PicPay se apresenta como a maior aplicativo de pagamentos do país, sendo 3,9 milhões deles clientes ativos.
A meta da empresa controlada pelo Banco Original, do J&F, também dono da JBS (JBSS3), é chegar a 20 milhões de contas até dezembro.
Essa expansão é prevista apesar de um universo crescente de varejistas, bancos grandes e pequenos, fintechs e empresas de comércio eletrônico que têm deslanchado campanhas agressivas de abertura de contas digitais no país.
Com boa parte desse movimento baseado em subsídios e recompensas, analistas prevêm que uma consolidação possa começar a acontecer já em 2020. Genso argumenta que no caso do PicPay a política de subsídios é pontual.
Segundo o executivo, que assumiu o comando PicPay em 2019, após mais de três décadas no Banco do Brasil (BBAS3), o fator decisivo para determinar vencedores no mercado de pagamentos será o sucesso em fazer o público concentrar suas transações financeiras na sua plataforma, dando maior escala e rentabilidade ao negócio.
“Tem que ter recorrência, caso contrário o negócio não prospera”, disse Genso.
Com esse raciocínio, o lançamento de contas para empreendedores é parte da extensa agenda de lançamentos do PicPay para 2020, que inclui produtos de investimentos, crédito pessoal, seguros, empréstimos entre pessoas, cartão de crédito e assessoria financeira, entre outros.
A ampliação da oferta de serviços para pequenos empreendedores é parte da mesma estratégia de tentar concentrar na plataforma as operações tanto de pessoas físicas quanto de pequenos negócios, inclusive os pagamentos destes aos seus fornecedores e serviços como antecipação de recebíveis.
Presente em 1,5 milhão de lojas, incluindo os locais que possuem máquinas da rede Cielo (CIEL3), o PicPay prevê atingir um volume de transações superior a 31 bilhões de reais em 2020, montante cerca de seis vezes superior ao do ano passado.
E, diferente de grupos como Mercado Pago, do Mercado Livre, Nubank e Banco Inter, que têm trabalhado com produtos financeiros próprios, no PicPay toda a prateleira é composta de ofertas de terceiros. Nos últimos meses, a empresa fez parcerias com Cielo e Linx (LINX3).
Para Genso, essa estratégia ajuda a empresa a se concentrar na sua meta principal de ser um grande hub de transações, ao mesmo tempo em que evita consumir capital, o que teria que fazer se ofertasse produtos como crédito e seguros.
“Vamos nos concentrar no que sabemos fazer bem”, disse o presidente da PicPay, plataforma criada em Vitória (ES) e que tem o Banco Original como controlador desde 2015. “A gente se meter a ter um motor de crédito não se alinha com essa diretriz.”
A PicPay deve elevar dos atuais 1,2 mil para 1,8 mil a folha de empregados até dezembro, incluindo a contratação de cerca de 100 cientistas de dados para ampliar a estrutura de hub de transações da companhia.
Segundo o executivo, isso deve ajudar a companhia a se manter lucrativa e a multiplicar receita líquida em até quatro vezes neste ano, para cerca de 1,3 bilhão de reais. Em 2019, o faturamento líquido do PicPay atingiu 338 milhões de reais, crescimento de 415% sobre o ano anterior.