PicPay é a nova ameaça para os bancos?
O PicPay começou sua história em 2012 como apenas um aplicativo de pagamentos, a empresa passou a atuar dessa forma devido a uma menor burocracia e regulação para o setor em relação ao segmento bancário.
Mas, atualmente, a companhia está na marca de 55 milhões de clientes e está criando novos produtos com diversas aquisições com o intuito de aumentar as receitas desse vasto número de usuários.
Sendo assim, após essa expansão um questionamento vem a tona, será que o PicPay é uma nova ameaça aos bancos? Para responder a pergunta, o Money Times teve acesso ao relatório divulgado pela Genial Investimentos nesta última quinta-feira (09).
Em primeiro lugar, os analistas enxergaram que o PicPay já está bem posicionado para passar a monetizar e crescer seus negócios devido ao grande número de clientes.
“Essa monetização pode ser realizada através da qualidade do serviço e dos incentivos, como depósitos com remuneração elevada, promoções, facilidade e cashback”, explicaram Eduardo Nishio e Bruno Bandiera ao assinar o relatório da Genial.
Todavia, com o aumento dos produtos e a melhora na qualidade dos serviços, a companhia poderá reduzir os incentivos para a aquisição de novos clientes e direcioná-los para a ativação.
Um exemplo disso foi a redução da rentabilidade de 210% para 120% do CDI nas quantias depositadas no aplicativo, pois, mesmo com essa mudança, a empresa continuou com um forte crescimento no número de clientes.
Além disso, Nishio e Bandiera elogiaram a capacidade do PicPay em mitigar os riscos. Um exemplo disso seria na concessão de crédito, onde a empresa optou por não deter o risco para si, originando para terceiros e ganhando uma taxa e uma remuneração variável, conforme as vendas e o resultado da carteira.
Não obstante, os especialistas do setor financeiro comentaram que esse modelo também é positivo para a fintech, tendo em vista que ele é baseado em comissões e com menos necessidade de capital para crescer.
“A iniciativa é interessante, principalmente dado o momento incipiente de seu modelo de crédito, outro ponto é que apesar de ter uma boa rentabilidade, o crédito pode cobrar um custo alto para aqueles que tem pouco know-how no controle da inadimplência”, alegaram Nishio e Bandiera.
Modernidade é uma mão na roda
O relatório também destacou que o avanço da tecnologia sobre o sistema financeiro nacional foi uma grande ajuda para a companhia.
“O Pix também ajudou o PicPay, diminuindo o custo de transações e facilitando transações antes feitas por boletos e ajudando na entrada de dinheiro no ecossistema. 80% do cash-in hoje é feito pelo Pix, que a companhia detém 7% de market share em todo sistema”, disseram os especialistas.
Em tendências para o futuro, a corretora explicou que o openbanking pode trazer ganhos para a aspirante instituição financeira. A nova modalidade vai habilitar o compartilhamento de dados de crédito de clientes entre instituições financeiras.
“A chegada do openbanking pode fazer com que o aplicativo de pagamentos surfe informações de bancos com mais experiência para melhorar seu modelo de crédito proprietário”, declaram.
Empresa deseja abrir capital
O PicPay queria fazer sua oferta primária de ações (IPO, em inglês) na Nasdaq em junho, mas desistiu após uma avalição de valor de mercado muito abaixo do desejado. A empresa queria uma avalição em torno de US$ 20 bilhões, mas ela foi estimada em US$ 12 bilhões.
Entretanto, a Genial Investimento calculou que ela deve valer cerca de R$ 31,7 bilhões, comparando a companhia com a Méliuz (CASH3) e Banco Inter (BIDI11) na relação preço/cliente ativo.
Na cotação do câmbio atual, com o dólar a R$ 5,23, o valor equivale a US$ 6,06 bilhões, ou seja, 69,7% a menos do que a quantia desejada pelo aplicativo de pagamentos.
Mesmo com esse valor muito abaixo do que o cobiçado pela diretoria do PicPay, a corretora está otimista, principalmente sobre a evolução das fintechs.
Nishio e Bandiera afirmaram que enquanto as fintechs vêm atraindo um grande número de clientes pela facilidade, boa experiência de uso e baixo custo, os bancos correm para se tornar mais ágeis e atraentes para uma população cada vez mais exigente.
Por fim, eles esclareceram que o PicPay tende a ser uma nova ameaça às instituições, com elas correndo atrás do prejuízo. “A briga vai ser boa e os bancos vão ter que acentuar mudanças nos próximos anos para manter seus clientes pagantes”, concluíram os analistas.