Economia

PIB do agronegócio deve fechar o ano com queda de 1,6%, diz CNA

05 dez 2018, 15:56 - atualizado em 05 dez 2018, 15:56

O Produto Interno Bruto (PIB) do agronegócio deve fechar este ano com queda de 1,6% em relação a 2017. A paralisação dos caminhoneiros e o tabelamento do frete são as principais causas, de acordo com Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA). A entidade fez hoje (5) um balanço do setor em 2018, com as perspectivas para 2019, durante evento em Brasília. Para o ano que vem a estimativa é otimista, com um crescimento de 2% no agronegócio brasileiro.

Em maio, a alta do preço do óleo diesel levou os caminhoneiros a uma paralisação de 11 dias, prejudicando os serviços e o abastecimento em todo o país. Para encerrar a mobilização, o governo fez um acordo com a categoria para reduzir o preço do combustível, além de estabelecer uma tabela de preços mínimos para o frete.

De acordo com a CNA, a paralisação encareceu o preço dos insumos agropecuários e afetou a comercialização da produção que apresentou queda nos preços. As condições climáticas também não favoreceram para um aumento da produção. Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a safra de grãos deste ano deve ser 5,6% inferior à do ano passado.

“Foi uma influência clara do governo, interferindo em questões privadas. Isso não prejudica apenas o produtor rural, mas toda a sociedade está pagando”, disse o superintendente técnico da CNA, Bruno Lucchi, explicando que a paralisação também levou à alta da inflação e dos preços dos alimentos.

Destaque nas exportações

Apesar dos prejuízos, o setor foi destaque nas exportações, com receita de US$ 93,3 bilhões até novembro, alta de 4,6% em relação ao mesmo período do ano passado. Neste ano, as exportações agropecuárias responderão por 42% das vendas do país e por 7,2% das exportações mundiais do setor. “Estamos mantendo a tendência de ser responsável pelo superávit da balança comercial”, disse a superintendente de relações internacionais da CNA, Ligia Dutra.

Segundo Ligia, para 2019, as prioridades do setor no comércio exterior são a diversificação das exportações; a inclusão de pequenos e médios produtores no processo de exportação, principalmente na cadeia de frutas, aves e suínos; a celeridade nas negociações de acordos fitossanitários; e o fortalecimento das relações comerciais com países asiáticos.

Cenário político

Com o novo governo, a entidade espera pela melhora do ambiente de negócios e, para isso, defende as reformas tributárias e da previdência. Outros pontos importantes são a melhoria nas condições de infraestrutura e a segurança no campo.

Sobre os subsídios para o óleo diesel e o tabelamento do frete, Lucchi explicou que o novo governo pode buscar soluções para dar competitividade aos transportadores, sem interferir nessas questões. “Uma reforma tributária, por exemplo, poderia amenizar o impacto dos impostos sobre os combustíveis melhor que o tabelamento”, disse.

Nas relações internacionais, a CNA espera a conclusão de acordo comerciais e abertura de mais mercados. Para Ligia, o alinhamento com os Estados Unidos seria importante para o Brasil. “Os Estados Unidos é um grande parceiro, é concorrente em algumas cadeias, como soja e carne, mas em muitas cadeias poderíamos nos beneficiar com a abertura, como frutas. Queremos abertura em todos os lugares onde possa colocar o produto e vender”, disse, ressaltando que o mercado asiático é um dos mais importantes, pois a maior parte da população do planeta está lá.

Meio ambiente

O presidente da CNA, João Martins, disse que o setor agropecuário brasileiro é um dos mais sustentáveis do mundo e defendeu a manutenção dos compromissos assumidos pelo país no Acordo de Paris. “O governo está dizendo que não aceita o Acordo de Paris, mas nós aceitamos porque não temos nada a temer, estamos fazendo o dever de casa. Não vamos engrossar a fileira do governo de achar que temos que desfazer aquilo que foi construído até por nossa parte”, disse.

Segundo Ligia Dutra, a regularidade do setor ambiental é essencial para as exportações. “Qualquer mercado exige os parâmetros de sustentabilidade e mesmo hoje temos dificuldade de mostrar isso no mercado internacional”, explicou.

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