Economia

PIB deve ter encolhido 1,5% no 1º trimestre com coronavírus, diz pesquisa da Reuters

25 maio 2020, 13:08 - atualizado em 25 maio 2020, 13:08
Trabalhador em planta de montadora em São Bernardo do Campo, São Paulo. 13/08/2013.
Pressão: se resultado for confirmado, será o pior trimestre desde 2015 e aumentará a cobrança sobre o governo Bolsonaro (Imagem: REUTERS/Nacho Doce)

A economia do Brasil provavelmente encolheu 1,5% no primeiro trimestre, afetada pelo choque inicial da pandemia de coronavírus e indicando o que deverá ser uma recessão histórica, mostrou pesquisa da Reuters nesta segunda-feira.

Se confirmado, o trimestre de janeiro a março será o pior desde o segundo trimestre de 2015 (na comparação trimestre contra trimestre imediatamente anterior), ampliando as pressões sobre o governo do presidente Jair Bolsonaro para lidar com os efeitos da crise de saúde em uma economia que já mostra dificuldades.

Os dados do Produto Interno Bruto (PIB) a serem divulgados na sexta-feira devem mostrar recuo de 1,5% no primeiro trimestre em comparação ao trimestre anterior, de acordo com a mediana das estimativas de 38 economistas consultados entre 18 e 22 de maio.

As estimativas variaram de quedas de 0,9% a 10%, sendo que essa mais pessimista ficou longe da segunda pior estimativa na pesquisa, de contração de 3,4%. Em termos anuais, a mediana apontou recuo de 0,4%, o que seria a leitura mais fraca desde o quarto trimestre de 2016.

A contração esperada se deve a queda nos gastos dos consumidores e no investimento privado, enquanto os gastos do governo e a balança comercial devem compensar parcialmente, de acordo com respostas de perguntas separadas.

O pior ainda não chegou

O segundo trimestre deve marcar a pior parte de uma recessão que provavelmente será a mais profunda da história moderna do Brasil e que durará um ano. Economistas esperam que a atividade econômica tombe 12,7% no período de abril a junho em termos anuais, o pior desempenho de todos os tempos.

“A quarentena e as medidas de distanciamento social tiveram um grande impacto nas vendas no varejo e nos serviços, com quedas de até 30% em alguns setores em abril e maio”, disse Rafaela Vitoria, economista-chefe do Banco Inter.

Fantasma: risco de recessão continuar em 2021 é baixo, mas existe (Imagem: REUTERS/Amanda Perobelli
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Em uma indicação de que o governo pode estar subestimando o alcance do Covid-19, a pesquisa prevê uma contração de 6,3% do PIB em 2020 –contra projeção oficial de queda de 4,7%. A economia deve se recuperar em 2021, com crescimento de 3,5%.

Ainda assim, economistas permanecem cautelosos. “Como a curva de novos casos de Covid-19 no Brasil está mostrando poucos sinais de desaceleração, existe um viés de baixa em nossas estimativas para ambos os anos”, destacou Alexandre Lohmann, analista da GO Associados.

Recessão em 2021?

Na semana passada, o Brasil ultrapassou a Rússia e se tornou o segundo país com maior número de casos confirmados de Covid-19 no mundo, atrás apenas dos Estados Unidos.

Dos 21 economistas que responderam a uma pergunta diferente, 14 mostraram-se divididos sobre verem risco “muito baixo” ou “baixo” de que a recessão se prolongue para 2021. Seis disseram que o risco é “alto” e outro disse ser “muito alto”.

“A maior questão continua sendo quão comprometidos o presidente e o Congresso serão com reformas estruturais diante dos desafios econômicos e sociais apresentados pela pandemia”, disse Felipe Sichel, estrategista do Banco Modal.