China

PIB da China contrai 6,8% no 1° trimestre e quebra série histórica positiva desde 1992

17 abr 2020, 7:54 - atualizado em 17 abr 2020, 7:54
Bandeira da China
Pequim enfrenta uma dura batalha para reanimar o crescimento e acabar com as fortes perdas de emprego (Imagem: Reuters/Thomas Peter)

A economia da China contraiu no primeiro trimestre pela primeira vez na série histórica uma vez que o coronavírus fechou fábricas e lojas e deixou milhões de pessoas sem trabalho.

O Produto Interno Bruto recuou 6,8% entre janeiro e março na comparação com o ano anterior, mostraram dados oficiais nesta sexta-feira, contra expectativa de analistas de queda de 6,5% e revertendo a expansão de 6% no quarto trimestre de 2019.

Foi a primeira contração da segunda maior economia do mundo desde ao menos 1992, quando dados trimestrais oficiais do PIB começaram a ser publicados.

Mas o lado bom foi uma queda muito menor do que a esperada na produção industrial de março, sugerindo que o alívio tributário e de crédito para empresas afetadas pelo vírus está ajudando a retomar partes da economia fechadas desde fevereiro.

Entretanto, analistas dizem que Pequim enfrenta uma dura batalha para reanimar o crescimento e acabar com as fortes perdas de emprego uma vez que a disseminação global do vírus devasta a demanda dos principais parceiros comerciais e o consumo local cai.

“Os dados do PIB do primeiro trimestre ainda estão amplamente dentro das expectativas, refletindo as perdas da paralisação econômica quando toda a sociedade estava isolada”, disse Lu Zhengwei, economista-chefe do Industrial Bank.

Na comparação trimestral, o PIB caiu 9,8% nos três primeiros meses do ano (Imagem: Unsplash/@zhangkaiyv)

“Para a próxima fase, a falta de demanda geral é a preocupação. A demanda doméstica não se recuperou totalmente uma vez que o consumo relacionado aos agrupamentos sociais ainda está proibido enquanto a demanda externa deve ser prejudicada enquanto a pandemia se espalha.”

Na comparação trimestral, o PIB caiu 9,8% nos três primeiros meses do ano, informou a Agência Nacional de Estatísticas, contra expectativa de contração de 9,9% e ante crescimento de 1,5% no trimestre anterior.

O porta-voz da agência de estatísticas, Mao Shengyong, disse em entrevista à imprensa que o desempenho econômico da China no segundo trimestre deve ser muito melhor do que no primeiro.

Entretanto, o consumo doméstico mais fraco, que tem sido o grande motor do crescimento, continua sendo uma preocupação já que a renda desacelera e o resto do mundo cai em recessão.

A renda per capita disponível, após ajuste pela inflação, caiu 3,9% sobre o ano anterior no primeiro trimestre, mostraram os dados.

A produção industrial recuou 1,1% em março na comparação com o ano anterior, contra expectativa de contração de 7,3%.

Para 2020, a expectativa é de que o crescimento econômico da China caia para 2,5% (Imagem: REUTERS/Thomas White)

Mas destacando os desafios no consumo, as vendas no varejo perderam 15,8%, ante projeção de queda de 10%. O investimento em ativo fixo perdeu 16,1% entre janeiro e março sobre o ano anterior.

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Resgate:

Os líderes chineses já prometeram mais medidas para combater as perdas mas estão cientes das lições aprendidas em 2008-09, quando fortes estímulos pressionaram a economia com enormes dívidas.

No mês passado, o Politburo do Partido Comunista disse que está avaliando medidas como mais títulos especiais de governos locais e bônus especiais do Tesouro.

O banco central já afrouxou a política monetária para ajudar a liberar crédito para a economia, mas seu afrouxamento até agora tem sido menos agressivo do que durante a crise financeira.

O banco central já afrouxou a política monetária para ajudar a liberar crédito para a economia (Imagem: Reuters/Carlos Garcia Rawlins)

O governo também contará com mais estímulo fiscal para alimentar o investimento em infraestrutura e consumo, o que pode levar o déficit orçamentário de 2020 a uma máxima recorde.

Para 2020, a expectativa é de que o crescimento econômico da China caia para 2,5%, ritmo anual mais lento em quase meio século, mostrou pesquisa da Reuters esta semana.