Economia

PIB da China causa estragos para o Brasil; entenda

15 jul 2022, 17:21 - atualizado em 15 jul 2022, 17:51
China
O PIB chinês avançou apenas 0,4% em relação ao ano anterior. (Imagem: REUTERS/Carlos Garcia Rawlins)

A atividade econômica da China desacelerou no 2º trimestre. Os dados mostram que o produto interno bruto (PIB) chinês avançou apenas 0,4% em relação ao ano anterior – muito abaixo das projeções de 1,0% de expansão. 

O número não foi, necessariamente, uma surpresa para o mercado. “O PIB da China não foi uma surpresa, mas assusta lembrar que faz meses que o país está em lockdown por causa da tolerância zero ao covid. Então, a previsão de 1% já era muito e esse 0,4% mostra que os efeitos do lockdown são devastadores na China”, afirma Marcelo Oliveira, CFA e fundador da Quantzed.

São devastadores para o Brasil também. A China é o principal parceiro comercial do país. No ano passado, a soma dos negócios de importação e exportação totalizou US$ 135 bilhões. No período, as  empresas brasileiras venderam US$ 87,9 bilhões em produtos para os chineses – o que representa uma alta de 29% em relação a 2020. 

Dado o tamanho da parceria, o mercado agora está preocupado com os efeitos que uma desaceleração lá pode afetar a nossa economia. “Os indicadores sinalizam que um dos principais compradores dos nossos produtos está perdendo ímpeto. Então,  acaba sendo uma notícia negativa e que sugere uma redução da demanda dos nossos produtos, principalmente das commodities”, destaca Marco Caruso, economista-chefe do Banco Original. 

Minério de ferro é o principal revés

O produto que mais deve ser afetado é o minério de ferro – nem tanto pela questão do PIB, mas por conta do mercado imobiliário. A venda de moradias registrou queda de 31,8% no primeiro semestre; enquanto as construções iniciadas recuaram 34,4%. 

De acordo com Marcus Labarthe, sócio-fundador da GT Capital, hoje, o setor é uma grande incógnita. “Se a gente for olhar para trás, as grandes exportações de minério brasileiro começaram com toda essa ampliação de moradias e industrialização que a China fez nas últimas duas décadas.”

Vale destacar que em maio do ano passado, o minério de ferro atingiu o seu auge com US$ 277 a tonelada. Agora, os preços da commodity giram em torno dos US$ 100 a tonelada. E outros metais, como o cobre, também estão caindo. 

PIBinho ou Pibão chinês?

O rumo da economia chinesa ainda é incerto. O ING aposta que o PIB do país vai se recuperar ainda esse ano, tanto que as projeções para o crescimento econômico neste ano foram revisadas para cima, de 3,6% para 4,4%. 

Já a Capital Economics é mais pessimista. “É difícil ver como a meta do governo chinês de crescimento de ‘cerca de 5,5%’ para este ano será alcançada. Isso dependeria de uma enorme aceleração no segundo semestre deste ano, o que é improvável”, diz em relatório.

Marco, do Banco Original, afirma que o governo chinês tem três objetivos contraditórios: um avanço de PIB em 5,5%, uma política de tolerância zero para a Covid-19 e desalavancagem do setor imobiliário. “Eu acho que esse ano já está comprometido. Mas olhando para um médio prazo, talvez tenha algum tipo de efeito rebote de reaceleração da economia da economia chinesa.”

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Formada em Jornalismo pela PUC-SP, tem especialização em Jornalismo Internacional. Atua como editora no Money Times e já trabalhou nas redações do InfoMoney, Você S/A, Você RH, Olhar Digital e Editora Trip.
juliana.americo@moneytimes.com.br
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