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PIB brasileiro pode avançar 6,2%, diz Rodrigo Azevedo, sócio da gestora Ibiuna

29 jul 2021, 9:52 - atualizado em 29 jul 2021, 9:52
Rodrigo Azevedo, gestor da Ibiuna Investimentos
O gestor e ex-diretor do BC quais são suas projeções para a economia global e brasileira e como está posicionado o principal fundo multimercado da casa. Foto: Leo Martins.

Quando a pandemia de COVID-19 abateu o mundo no início de 2020, a expectativa era um longo período de recessão. Mas a retomada econômica, impulsionada principalmente pela vacinação em larga escala, foi mais rápida do que se esperava. Para Rodrigo Azevedo, gestor da Ibiuna Investimentos e ex-diretor de Política Monetária do Banco Central, é possível que o PIB brasileiro cresça 6,2% em 2021.

A Ibiuna é uma gestora de recursos independente que está desde 2010 no mercado e atualmente tem R$ 21 bilhões em ativos, dividindo entre fundos multimercado macro, ações e renda fixa de crédito. 

O gestor participou do podcast RadioCash com Felipe Miranda e Jojo Wachsmann. Você pode escutar o episódio inteiro dando play abaixo:

Período de alta liquidez e juros baixos favorece ativos de risco

Para o gestor, as várias mazelas que afetam o Brasil, incluindo a questão fiscal e resposta descoordenada à implementação da vacina, criaram um certo ceticismo sobre a capacidade do país crescer nos próximos anos. A expectativa inicial era de que não conseguíssemos nem mesmo recuperar os 4% de PIB perdidos no ano passado. Agora, felizmente, a história já é outra, com as projeções revisando para cima. Segundo Azevedo, é possível que a economia cresça 6,2% em 2021. 

Em escala global, também há uma perspectiva de crescimento acelerado, devido aos estímulos fiscais e monetários dados pelos Bancos Centrais e pelo avanço da vacinação. “Esse ano, a última estimativa do FMI era um crescimento de 6% e no ano que vem, de 4,4%. Para se ter uma ideia, quando o mundo cresce normalmente, é em torno de 3,5%”, explica Rodrigo Azevedo, projetando que o crescimento nos próximos dois anos será bastante forte. 

Para o gestor, este período favorece muito os ativos de risco, principalmente na renda variável, devido à alta liquidez e aos juros baixos. No entanto, ele alerta que os bancos centrais estão começando a se preocupar com a alta da inflação. “Essa recuperação vai gerar mais inflação do que se imaginava e portanto há uma necessidade de começar a remover aqueles estímulos todos que foram dados nos últimos 2 anos”, comenta. 

Sobre a inflação, o gestor da Ibiuna aponta alguns elementos que podem influenciar a alta dos preços. O primeiro é o efeito estatístico. Com as injeções de liquidez no ano passado para conter os efeitos da crise, a inflação mundial foi mais baixa do que o esperado. Este ano, com a normalização da inflação, inevitavelmente os índices subirão, uma vez que o ano de 2020 foi atípico.

O segundo é o efeito das commodities, que tiveram uma alta expressiva nos últimos meses, após vários anos de preços baixos e poucos investimentos no setor. “De repente, o mundo volta com essa recuperação muito forte saindo da COVID e tem uma demanda forte por commodities. Mas na verdade a oferta não está lá, então o preço precisa subir, para isso gerar o estímulo do investimento e ampliar a oferta. Só que isso toma tempo”, aponta Azevedo. 

O terceiro efeito está relacionado às empresas, que, amedrontadas pela recessão ocasionada pela pandemia, reduziram seus estoques. Só que, como todos nós, os empresários foram surpreendidos pela velocidade da retomada e foram “pegos com baixo estoque”. Agora, as empresas estão no momento de investir para normalizar suas cadeias de produção. 

A natureza destes três elementos costuma ser temporária, mas é preciso que os bancos centrais ajam para evitar que eles se tornem permanentes. Em países com histórico de inflação baixa, os BCs podem difundir a interpretação de que o choque será temporário e assim, já conseguem uma ancoragem razoável dos índices.

“Existe uma diversidade de respostas dos bancos centrais, que dependem das condições específicas de cada país.” ‒ Rodrigo Azevedo, sócio e gestor da Ibiuna Investimentos 

Mas em países como o Brasil, com histórico de altas inflações, o BC precisa reagir de forma muito mais rápida. “Ficar só tentando argumentar que o choque é temporário não funciona. Ele tem que de fato atuar”, diz o ex-diretor de Política Monetária. 

Brasil precisa resolver problemas de médio prazo 

Para o Brasil, Rodrigo Azevedo enxerga uma possibilidade que o país consiga acompanhar a trajetória de crescimento e retomada global, ao menos no curto prazo. O gestor conta que a Ibiuna fez algumas reavaliações no primeiro semestre deste ano quanto aos investimentos no país: “A gente saiu das posições defensivas de Brasil e passou a ter posições um pouco mais construtivas. Nesse sentido é um certo alívio, é como se a gente tivesse ganho uma janela de tempo pra gente poder trabalhar melhor os nossos problemas de médio prazo.”

Entre os problemas, Azevedo menciona o fato de que o Brasil cresce pouco, por ter baixa produtividade. O ex-BC reforça a necessidade de reformas de natureza microeconômica para melhorar o ambiente de negócios, além do ajuste fiscal, que também foi abordado por Mansueto Almeida, no episódio anterior do RadioCash

As eleições de 2022 também foram tema da conversa com Miranda e Wachsmann. Para o gestor da Ibiuna, é preciso observar como as eleições vão afetar a área de investimentos para se posicionar de maneira correta. Por ser uma eleição bastante polarizada, há uma possibilidade de mudança no modelo econômico. 

“Essa eleição vai demandar um prêmio de risco nos ativos do Brasil que pode ser bastante significativo.” ‒ Rodrigo Azevedo, gestor da Ibiuna Investimentos 

O posicionamento do Hedge STH

Neste contexto de retomada e novos cenários dos investimentos no Brasil, o fundo de maior renome da Ibiuna, o Ibiuna Hedge STH FIC FIM, reabrirá para captação. O fundo está disponível na plataforma da Vitreo e é parte das carteiras de FOF’s (fundos de fundos) da corretora. O STH é um multimercado macro que avalia cenários de mais de 30 países para identificar oportunidades relacionadas a juros, inflação e atividade econômica.

Sobre o posicionamento do fundo, Rodrigo Azevedo comenta que tem bastante exposição aos Estados Unidos e às bolsas europeias, após reduzir posições em Japão e em países emergentes. O gestor relata que visa sempre uma perspectiva macro, não olhando exatamente para nomes individuais de empresas. No momento, ele investe em ativos de renda variável e aposta na alta de juros. 

Quer conferir o papo completo de Rodrigo Azevedo com Felipe Miranda e Jojo Wachsmann? Dê play abaixo ou procure por RadioCash na sua plataforma de podcasts favorita:

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