Crime

PF prende suspeitos de receberem propina para proteger empresários de investigações

15 out 2020, 11:23 - atualizado em 15 out 2020, 11:23
Polícia Federal
O grupo é acusado de corrupção ativa e passiva, lavagem de dinheiro, falsidade ideológica, organização criminosa e obstrução à Justiça (Imagem: Reuters/Ueslei Marcelino)

A Polícia Federal prendeu nesta quinta-feira dois suspeitos de envolvimento em um esquema de recebimento de propina por policiais civis e federais em troca de que empresas e empresários fossem “esquecidos” e “retirados” de investigações em andamento, informaram a PF e o Ministério Público Federal (MPF).

De acordo com a PF, ainda há outros dois mandados de prisão que ainda não foram cumpridos.

Além das prisões, também eram cumpridos 33 mandados de busca e apreensão na segunda fase da Operação Tergiversação, que no ano passado já havia prendido um delegado que faria parte do esquema.

Entre os alvos da nova operação estão dois delegados da Polícia Federal, um delegado da Polícia Civil, sete empresários e cinco advogados.

Segundo as investigações, agentes da PF e da Polícia Civil do Rio de Janeiro receberam propina de empresas e empresários que somam 10 milhões de reais. Advogados que teriam intermediado a negociação e ficariam com parte da propina também são alvos da operação.

O grupo é acusado de corrupção ativa e passiva, lavagem de dinheiro, falsidade ideológica, organização criminosa e obstrução à Justiça.

“Nessa nova fase, a investigação mira outros empresários que participaram do esquema de pagamento de propina para policiais em troca de proteção nas investigações realizadas em operações, e advogados que atuaram como intermediários das cobranças de vantagens indevidas dos empresários, e ficavam com uma parcela dos vultuosos valores pagos aos envolvidos”, disse a Polícia Federal em nota.

Segundo o MPF, delegados da Polícia Federal chegaram a receber uma mesada dos empresários para informá-los com antecedência sobre eventuais investigações.

“Alguns empresários mantiveram contato com os delegados de Polícia Federal, chegando a realizar pagamentos mensais de propina aos delegados para que estes ampliassem a proteção concedida, buscando informações antecipadamente sobre operações policiais ou investigações que pudessem alcançar os seus novos ‘empregadores’ e intercedendo junto a outros delegados que presidissem investigações de interesse dos empresários”, disse o Ministério Público em nota.