Justiça

PF no Amazonas acusa Salles de obstruir investigação sobre apreensão de madeiras

15 abr 2021, 15:03 - atualizado em 15 abr 2021, 15:03
Ricardo Salles
O ministro tém foro privilegiado e só pode responder por crimes de natureza penal perante o Supremo (Imagem: REUTERS/Adriano Machado)

A Polícia Federal enviou ao Supremo Tribunal Federal um relatório em que acusa o ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, de obstruir uma investigação que havia levado a uma apreensão recorde de madeira ilegal na região amazônica e de favorecer madeireiros e ainda de integrar uma organização criminosa envolvida num esquema de receptação e crimes ambientais.

O documento, uma notícia crime produzida pelo superintendente da PF no Amazonas, delegado Alexandre Saraiva, foi encaminhado ao STF para avaliar se abre uma investigação criminal contra Salles.

O ministro tém foro privilegiado e só pode responder por crimes de natureza penal perante o Supremo.

Nas 38 páginas da notícia crime, obtida pela Reuters, o ministro do Meio Ambiente aparece como fazendo uma defesa dos madeireiros, desacreditando o teor das investigações da Operação Handroanthus, realizada em dezembro passado e que obteve uma apreensão recorde de madeiras.

O relatório cita que ele chega a respaldar documentos supostamente fraudados de aquisição de madeira.

Segundo o documento, “resta patente” que Salles e outro acusado “de forma consciente e voluntária, e em unidade de desígnios”, dificulta “a ação fiscalizadora do Poder Público no trato de questões ambientais, assim como patrocinam, direta, interesses privados (de madeireiros) e ilegítimos perante a administração pública, valendo-se de suas qualidades de funcionários públicos”.

O relatório menciona ainda que ele integra, “na qualidade de braço forte do Estado, organização criminosa orquestrada por madeireiros alvos da Operação HANDROANTHUS – GLO com o objetivo de obter, direta ou indiretamente, vantagem de qualquer natureza, mediante a prática de infrações penais de crimes de receptação qualificada e crimes ambientais com caráter transnacional”.

Procurado, o ministro do Meio Ambiente disse que não vai se manifestar.

A área ambiental do governo Jair Bolsonaro no qual o país tem tido recordes de desmatamento tem sido alvo de críticas internacionais.