Política

Bolsonaro: PF apresenta nesta quinta pedido de indiciamento por tentativa de golpe, dizem fontes

21 nov 2024, 12:18 - atualizado em 21 nov 2024, 12:18
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(Imagem: REUTERS/Marco Bello)

A Polícia Federal vai apresentar nesta quinta-feira ao Supremo Tribunal Federal (STF) pedido de indiciamento do ex-presidente Jair Bolsonaro por tentativa de golpe de Estado e outros crimes, disseram à Reuters duas fontes da corporação com conhecimento direto do caso.

O relatório final após quase dois anos de investigações, segundo uma das fontes, terá mais de 800 páginas e vai propor que o ex-presidente — tido como peça-chave na trama golpista — seja responsabilizado criminalmente por crimes como tentativa de golpe de Estado, abolição violenta do Estado democrático de direito e organização criminosa.

Essa fonte destacou ainda que, além de Bolsonaro, importantes pessoas do primeiro escalão do governo dele serão responsabilizadas, como o companheiro de chapa na disputa presidencial de 2022 e ex-ministro da Casa Civil, general Braga Netto; o ex-ministro do Gabinete de Segurança Institucional (GSI) general Augusto Heleno; o ex-ministro da Defesa general Paulo Sérgio Nogueira e mais 40 pessoas.

Procurada, o advogado Paulo Cunha Amador Bueno, principal representante da equipe de defesa de Bolsonaro, disse que vai aguardar o relatório para se manifestar. Não foi possível contactar de imediato os demais envolvidos ou seus representantes.

A finalização das investigações sobre Bolsonaro e demais envolvidos na suposta tentativa de golpe de Estado para impedir a posse do então presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva seguirá para o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes, que repassará ao procurador-geral da República, Paulo Gonet.

Caberá a Gonet, como chefe do Ministério Público Federal (MPF), decidir se denuncia criminalmente, se arquiva a apuração por falta de provas ou se pede diligências complementares.

A iniciativa da PF ocorre dois dias depois de a corporação ter deflagrado uma operação em que prendeu um policial e quatro militares do Exército — um deles um general que foi ministro interino de uma pasta no Palácio do Planalto sob Bolsonaro — por terem supostamente arquitetado um plano para assassinar Lula e seu então candidato a vice, Geraldo Alckmin, além do ministro Moraes, do STF.

Bolsonaro se tornou investigado pelo STF no caso da suposta tentativa de golpe, a pedido da Procuradoria-Geral da República (PGR), cinco dias após os ataques de 8 de janeiro de 2023 por bolsonaristas radicais às sedes dos Três Poderes, em Brasília, com o objetivo, segundo a PF, de derrubar o governo Lula.

Além da investigação sobre a tentativa de golpe de Estado, Bolsonaro já foi indiciado pela PF em outros dois casos: a suspeita de fraude no cartão de vacinação contra a Covid-19 e na investigação sobre apropriação indevida de joias recebidas como presente de Estado do governo saudita.