PetroRio (PRIO3) vê necessidade de financiamento de até US$ 1,7 bilhão, segundo Bradesco BBI
A PetroRio (PRIO3) tem planos de alimentar o caixa para os próximos anos.
Membros da administração da companhia disseram à equipe do setor de Óleo e Gás do Bradesco BBI que veem necessidade de financiamento de US$ 1,6 a 1,7 bilhão para fechar a aquisição da Albacora e Albacora Leste e desenvolver novos projetos, além de potenciais futuras oportunidades de crescimento, segundo analistas do banco.
Em relatório divulgado nesta segunda-feira (24), a Ágora Investimentos diz que o comentário é “bastante tranquilizador”, uma vez que reduz as preocupações do mercado quanto à possibilidade de a PetroRio ficar sem financiamento no futuro.
A Ágora destaca que a PetroRio precisaria pagar entre 10 e 15% do preço total de aquisição das Albacoras na assinatura do contrato, que pode ocorrer no fim do primeiro trimestre do ano. Como a petroleira possui aproximadamente US$ 900 milhões em caixa, a corretora não vê problemas para financiar essa entrada.
“A maior parte do desembolso viria no fechamento, o que estimamos que poderia acontecer de seis a 12 meses após a assinatura. Enquanto isso, a ideia é eventualmente compartilhar o relatório de certificação das reservas dos campos, o que pode acontecer no primeiro semestre de 2022”, afirmam Vicente Falanga, do Bradesco BBI, e Ricardo França, da Ágora.
O Santander (SANB11) enxerga a Albacora e a Albacora Leste como aquisições “transformadoras” para a PetroRio, pois fortalecerá as reservas, a produção, a geração de Ebitda e os retornos da companhia.
O banco tem a PetroRio como top pick do setor de petróleo e gás, com recomendação de compra e preço-alvo de R$ 31 ao fim de 2022, segundo comentário divulgado nesta segunda.
Campo de Wahoo
Na última semana, a 7ª Câmara Cível do Tribunal de Justiça do Estado do Rio de Janeiro determinou a paralisação do processo administrativo de declaração de comercialidade do campo de Wahoo.
De acordo com o documento da PetroRio enviado ao mercado, com a decisão, ela fica impedida de iniciar ou continuar o desenvolvimento do campo e dar prosseguimento à declaração de comercialidade da área junto à Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) até o julgamento.
Quem entrou com o recurso foi a parceira comercial no campo IBV Brasil Petróleo. A empresa alega que a PetroRio não forneceu os dados necessários para uma opção responsável ao adquirir o campo.
Foi concedido um prazo de 20 dias para a IBV informar a PetroRio sobre sua intenção de participar do desenvolvimento da Wahoo, sob regime de operação conjunta.
Na avaliação da Genial Investimentos, a notícia é negativa. A corretora acredita que o campo de Wahoo foi “a aquisição mais relevante” para a empresa e vê o ativo como a principal avenida de crescimento para a companhia nos próximos anos.
Para a Ágora Investimentos, deixar o Wahoo “de molho” em cenários de estresse, principalmente com as Albacoras no radar, não é um movimento ruim.
A administração da PetroRio disse ao Bradesco BBI que há a possibilidade de atraso do campo de Wahoo em, no máximo, um ou dois anos, se considerar alavancagem de 1,1-1,2 vez dívida líquida/Ebitda em 2023/2024, assumindo divisão de 50/50 patrimônio/dívida e conclusão da aquisição das Albacoras.
“Como a Wahoo tem um capex (investimentos) de desenvolvimento de US$ 800 milhões e ainda não produz, faria mais sentido priorizar as Albacoras, que juntas geram caixa de cerca de US$ 800 milhões por ano e com investimentos mais sensíveis ao tempo”, destacam Falanga e França.
Outro fator que justificaria dar prioridade à Albacora em vez da Wahoo, segundo a Ágora, é o ganho de robustez.
“Quando a produção atingir um nível de produção acima de 50-60 mil barris por dia, os ratings de crédito corporativo podem melhorar de B+ para BB-“, acrescentam os analistas.
Na opinião da Ágora, adiar um projeto ainda não desenvolvido e priorizar ativos que já geram caixa parece uma decisão sustentada por “uma forte disciplina de capital”.
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