PetroReconcavo (RECV3): Dividendos roubam a cena com ‘rendimento nível de Petrobras’; hora de comprar?
Em um dia de queda acentuada do Ibovespa (IBOV), a PetroReconcavo (RECV3) opera entre as maiores altas do pregão, após incremento de 17% no lucro líquido do terceiro trimestre de 2024 (3T24) e anúncio de pagamento de R$ 379 milhões em dividendos.
Conforme o documento divulgado pela companhia na quinta-feira (07), o valor por ação será de R$ 1,293078. O pagamento será realizado aos acionistas no dia 26 de novembro de 2024.
Farão jus ao recebimento dos dividendos os acionistas inscritos nos registros da companhia em 12 de novembro de 2024, sendo que as ações serão negociadas “ex-dividendos” a partir de 13 de novembro de 2024.
Por volta de 11h30, os papéis avançavam 4,54%, a R$ 17,96, enquanto o IBOV recuava 1,07%.
Na visão de analistas do Bradesco BBI e Ágora Investimentos, embora até agora em 2024 a produção tenha sido fraca, os pagamentos de dividendos foram uma surpresa agradável.
Eles destacam que, com o anúncio, o valor total em dividendos anunciados neste ano já soma R$ 806 milhões, representando um rendimento de dividendos de 16%, dado o atual valor de mercado.
“O rendimento de 15% neste ano é certamente difícil de ignorar, pois está no mesmo nível de pesos pesados do setor, como a Petrobras, e, se há uma coisa que o desempenho das ações da Petrobras nos últimos dois anos mostrou, é o valor de uma jogada de dividendos no setor de petróleo, especialmente em um mercado volátil como o Brasil”.
Dessa forma, os analistas veem como altamente possível um pagamento recorrente de dividendos nesse nível, dada a considerável geração de caixa, mesmo em um cenário de baixa do petróleo devido ao hedge e à exposição a contratos de gás natural com preços fixos.
“Com pagamentos recorrentes de dividendos, a tese de investimento em PetroReconcavo provavelmente se tornaria mais atraente, com as ações provavelmente captando mais fluxos de investidores. Atualmente, esperamos R$ 711 milhões em pagamentos de dividendos no próximo ano, o que implicaria em um dividend yield de 12%”.
O Itaú BBA comenta que a petrolífera deu continuidade ao consumo líquido de seus estoques neste trimestre, refletindo os resultados de uma revisão do desenho organizacional da área de supply chain e seus respectivos processos, que apoiaram a PetroReconcavo a reportar um yield de FCFF (Fluxo de Caixa Livre para a Firma) de 7%
no terceiro trimestre.
Já o Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) superou em 4% as estimativas da casa, chegando a R$ 439 milhões. Mas os analistas apontam os dividendos, com rendimento de 7,5%, como a estrela do show.
O BBA tem classificação “outperform” (desempenho esperado acima da média do mercado, equivalente a “compra”) para RECV3, com preço-alvo de R$ 30 ao final de 2024.
Para o BTG Pactual, os números do terceiro trimestre não trouxeram surpresas, mas dão boas-vindas ao robusto fluxo de caixa para o acionista.
Os analistas recordam que a ação caiu 16% no acumulado do ano, apresentando desempenho inferior ao Brent, Petrobras e PRIO em 30 pontos percentuais (p.p), 23p.p. e 2,5p.p., respectivamente.
“Embora ainda vejamos razões para justificar um múltiplo menor em comparação a alguns pares (menor potencial de crescimento, custos relativamente maiores), acreditamos que uma confiança mais forte na distribuição da geração de caixa via dividendos provavelmente reduziria parte do diferencial de múltiplos”.
Ainda, comentam que a administração prefere manter alguma flexibilidade caso surjam oportunidades de crescimento inorgânico.
Tendo em vista o perfil conservador de alocação de capital da empresa, o BTG segue com recomendação de compra para a PetroReconcavo, com expectativa de que, a menos que as taxas internas de retorno de quaisquer fusões e aquisições potenciais sejam significativamente geradoras de valor, os pagamentos de dividendos aumentarão substancialmente em 2025. O preço-alvo é de R$ 31.
Números do terceiro trimestre da PetroReconcavo
A petrolífera reportou um Ebitda de R$ 439 milhões no terceiro trimestre de 2024, em linha com o consenso. Analistas do BBI e Ágora destacam que o Ebitda praticamente estável da empresa foi principalmente resultado de:
- (i) R$ 24 milhões em receitas do segmento de plataformas e serviços (RSO) de R$ 7 milhões no 2T24;
- (ii) receitas de petróleo estáveis, tendo em vista que a taxa de câmbio mais alta mais do que compensou os preços realizados de petróleo 6% mais baixos;
- (iii) receitas de gás natural 2% mais altas, refletindo uma redução de apenas 2% no preço realizado do gás, já que a maioria dos volumes contratados incluía uma taxa fixa, diminuindo a exposição direta aos preços do Brent, o que compensou um aumento de 7% em custos e despesas, alimentado principalmente por maiores custos de serviços e materiais, o que refletiu um aumento do custo de elevação para US$ 13,80/barril de US$ 12,62 no trimestre anterior.
Já o lucro líquido chegou a R$ 159 milhões, uma alta de 17% na base anual, devido a um menor impacto da variação cambial nos resultados financeiros, que totalizaram R$ 40 milhões no terceiro trimestre de 2024, ante 216 milhões no segundo trimestre.