Petróleo responde a China, Opep+ e Rússia e pode voltar a mirar as máximas do ano
Os contratos futuros de petróleo operam em alta nesta segunda-feira (5), repercutindo a decisão da Opep+ na reunião de ontem (4) e a flexibilização das medidas da pandemia na China. Paralelamente, investidores da commodity monitoram os efeitos do teto de preço sobre o petróleo russo, que passa a vigorar hoje.
Por volta das 12h30, o WTI (referência americana) e o Brent (referência internacional) subiam, respectivamente, 2,89% e 2,25%.
A alta do dia recoloca o Brent, o benchmark utilizado pela Petrobras (PETR4) para a sua política de paridade de importação, na trajetória dos US$ 90/barril.
O patamar havia sido deixado pelos mercados há cerca de 15 dias, em meio à piora da covid-19 na China e as discussões sobre um teto ao preço do petróleo exportado pela Rússia por vias marítimas.
Opep deixa inalterada decisão de outubro
Em reunião realizada virtualmente, os países-membros da Opep+ decidiram manter inalterado o corte diário de produção de 2 milhões de barris acordado em outubro. A redução da oferta vigora, a princípio, por todo o ano de 2023, mas pode ser reavaliada na próxima reunião do cartel.
A manutenção da diretriz de outubro saiu ‘barato’ para o grupo de países produtores não alinhados, como os EUA, dada a colocação de que um novo corte seria colocado em prática para salvar o petróleo das mínimas anuais registradas no mês passado.
A decisão conservadora dos delegados da Opep+ pode ter vindo à reboque de uma melhora da crise sanitária na China.
O país, hoje o maior comprador de petróleo do mundo, vem suspendendo algumas das restrições mais duras da política Covid Zero.
A flexibilização das medidas sanitárias é considerada uma condição imprescindível para uma melhora da perspectiva sobre o crescimento econômico chinês, pressionado por incertezas domésticas e internacionais.
‘A Europa viverá sem o petróleo russo’
Outro ponto de atenção para os investidores é o início do teto sobre o petróleo exportado pela Rússia por vias marítimas.
O teto sobre o óleo cru russo permite que a commodity seja comercializada via transportadoras e seguradoras ocidentais, contanto que não se ultrapasse o preço máximo de US$60/barril.
Na prática, a sanção, que ocorre simultânea ao banimento da importação direta vinda da Rússia, torna a comercialização via parceiros ocidentais a única alternativa para se alcançar os mercados do ocidente.
A medida vinha sendo costurada por membros da União Europeia e das demais forças do G7 como uma forma de minar a capacidade de Moscou de financiar a invasão na Ucrânia.
Apesar da concordância no mérito, diplomatas da UE divergiam sobre o tamanho desse teto. A ideia inicial, que variava entre US$65-70/barril, desagradou a ala mais dura do bloco, representada pelos Países Bálticos e, sobretudo, a Polônia.
A primeira proposta foi substituída por um teto mais baixo, aos US$60/barril, recebendo o consentimento dos países discordantes.
Em declaração feita no final de semana, um alto funcionário do governo russo reafirmou que Moscou interromperá o fornecimento de petróleo para qualquer país que adotar a medida.