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Petróleo pode ser novo minério de ferro? Espere preços mais altos, diz Trafigura

27 set 2021, 17:39 - atualizado em 27 set 2021, 17:39
Trafigura
“Veremos preços do petróleo mais altos”, disse Ben Luckock, corresponsável de comércio de petróleo da Trafigura, em entrevista (Imagem: REUTERS/Denis Balibouse)

A Trafigura, uma das maiores tradings de commodities do mundo, prevê preços globais mais altos do petróleo e do gás no inverno do hemisfério norte e nos meses seguintes devido à oferta apertada e rápido crescimento da demanda.

“Veremos preços do petróleo mais altos”, disse Ben Luckock, corresponsável de comércio de petróleo da Trafigura, em entrevista.

Luckock disse que o mercado não estava precificando corretamente os contratos futuros de petróleo para os próximos dois anos porque operadores ainda não haviam acordado para o fato de que o equilíbrio entre oferta e demanda permanecerá apertado por algum tempo.

“O petróleo diferido, principalmente para dezembro de 2022 e 2023, está barato”, disse. O petróleo Brent para entrega em dezembro de 2022 é negociado aproximadamente a US$ 70 o barril, mas Luckock disse que não ficaria surpreso se o Brent subisse para cerca de US$ 100 o barril até lá.

“É difícil não ver preços mais altos nos próximos dois anos”, afirmou.

Na segunda-feira, o petróleo Brent para entrega imediata chegou a atingir US$ 80 o barril, a cotação mais alta em quase três anos.

A Trafigura é a segunda maior operadora independente de petróleo do mundo depois da Vitol, o que confere à empresa uma visão privilegiada dos fluxos globais de energia.

Sobre o gás natural, o executivo disse que os preços podem subir muito no inverno se o clima frio elevar a demanda na Europa e na Ásia.

A perspectiva de ganhos coincide com a rápida recuperação da demanda por petróleo ao nível pré-pandemia. A maioria das tradings calcula que o consumo atinja o nível de 2019 até meados de 2022. À medida que a demanda se recupera, a oferta não consegue acompanhar: empresas de gás de xisto dos EUA limitaram os investimentos, preferindo pagar dividendos aos acionistas.

Como o gás de xisto dos EUA reage lentamente aos preços mais altos, a coalizão Opep+ tem conseguido manter o mercado sob controle.

“A indústria de gás de xisto dos Estados Unidos tem mostrado muita disciplina. Os preços do petróleo correspondem a quase o dobro do nível há um ano e, apesar disso, não vemos um grande aumento das perfurações”, disse Luckock.

Luckock disse que é difícil ver preços mais baixos do gás natural neste inverno na Europa, apesar de a commodity já ser negociada em cotação recorde.

Os preços do gás natural na Europa ultrapassaram US$ 25 por milhão de unidades térmicas britânicas, mais de 400% acima da média de 2010-2020 e estão significativamente mais altos do que nos Estados Unidos, onde a commodity é comercializada por cerca de US$ 5 por milhão de BTU.

Na Ásia, o gás natural liquefeito era negociado recentemente a cerca de US$ 27 por milhão de BTU, um recorde sazonal.

Luckock disse não acreditar que a Rússia, o maior fornecedor de gás para a Europa, esteja intencionalmente restringindo a oferta para ganhos políticos, sugerindo que o governo de Moscou já está bombeando o máximo de gás possível.

“É fácil dizer que há motivação política, mas acho que é mais simples do que isso: muitos campos de gás da Rússia estão em manutenção, os estoques domésticos estão muito baixos, os fluxos aumentaram significativamente para a Turquia, e a Gazprom enfrenta dificuldades para elevar a produção”, disse.