Perspectivas 2023

Petróleo pode alcançar US$ 110 em meio a cenário problemático para oferta

29 dez 2022, 10:00 - atualizado em 23 dez 2022, 17:19
Petróleo
Achar que a atual precificação do mercado do petróleo se sustenta em 2023 é uma ilusão (Imagem: REUTERS/Regis Duvignau)

Cotado a US$ 83 por barril, o petróleo ainda patina nas mínimas de 2022. Afinal, os mercados continuam deprimidos pela perspectiva de redução da demanda, provocada tanto pelo ciclo de alta de juros em curso na Europa e nos EUA quanto pela duradoura crise sanitária na China.

No entanto, achar que a atual precificação do mercado se sustenta em 2023 é uma ilusão. Ao menos, é isso o que disse o Morgan Stanley, em nota veiculada pela Reuters na última semana.

Segundo a instituição, sinais de reabertura da economia chinesa e “constrições de oferta provocadas por baixos níveis históricos de investimento, riscos ao fornecimento da Rússia e o reabastecimento dos estoques da Reserva Estratégica de Petróleo dos EUA” devem acelerar a recuperação dos preços até metade de 2023, quando o barril poderá alcançar os US$ 110.

O quadro de déficit estrutural da oferta é corroborado pelas repetidas vezes em que a Opep+ falhou em entregar a produção acordada pelos seus membros. De acordo com levantamento feito pela consultoria Argus Media, a produção em novembro do cartel caiu para 38,29 milhões de barris por dia, 1,81 milhão a menos do que o estipulado.

Para Pedro Rodrigues, do Centro Brasileiro de Infraestrutura (CBIE), a falta de investimento em capacidade produtiva das big oils responde ao avanço da transição energética, que traz incertezas sobre a demanda pela matéria-prima no longo prazo, podendo ocasionar novos picos de inflação em razão de crises mais acentuadas de escassez.

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BofA prevê aumento de preços, mas ‘momentum’ limitado na América Latina

Dado um cenário de recuperação da demanda chinesa, o Bank of America (BofA) permanece “construtivo” com relação ao aumento do volume de produção e exportação do setor de óleo e gás da América Latina. 

Para o caso de Colômbia e Brasil, no entanto, o BofA acredita que o faturamento das petroleiras estatais destes dois países, em cima de um novo ‘boom’ de preços, pode ser neutralizado por pressões inflacionárias no capex e por ingerências governamentais nas políticas de preço dessas companhias.

Em um quadro geral, o banco de investimentos prevê estímulos macroeconômicos “mistos” para a atividade petroleira, com uma retomada da tolerância ao risco mais pronunciada no segundo semestre de 2023.

Ainda assim, o ano não deve presentear margens sólidas para as petroquímicas e para vendedores de combustíveis no varejo.