Petróleo irá permanecer acima de US$ 100 por um “período prolongado”, diz Vitol
O barril de petróleo pode permanecer acima de US$ 100 por um “período prolongado” nos próximos seis a nove meses, à medida que a demanda global atinge novos recordes este ano, alertou o CEO da Vitol Group.
A cotação chegou perto de US$ 100 no início deste mês, enquanto a recuperação do consumo de combustível se depara com restrições de oferta.
Em entrevista à Bloomberg TV em Londres, o comandante da maior trading independente de petróleo informou que as condições de mercado ficarão mais apertadas, dado que, até o final de 2022, o consumo diário deve ultrapassar de longe os níveis vistos antes da Covid.
“A marca de 100 milhões de barris provavelmente será superada este ano”, disse Russell Hardy. “A demanda vai disparar no segundo semestre” se o ritmo de viagens continuar se normalizando.
As maiores empresas do mercado de petróleo estão reunidas em Londres para a Semana Internacional da Energia. É a primeira vez que o evento é realizado de forma presencial em dois anos. No entanto, o setor ainda enfrenta as consequências do tombo dos preços no início da pandemia.
A oferta de energia não tem conseguido acompanhar a recuperação econômica robusta. Afetados por investimentos insuficientes e paralisações, vários países integrantes da aliança Opep+ não conseguem reativar toda a capacidade de produção paralisada em 2020.
Muitas empresas, incluindo as exploradoras de xisto nos EUA e as gigantescas petrolíferas globais, estão mais interessadas em devolver dinheiro aos acionistas do que em ampliar a produção.
O resultado é a elevação nos preços do petróleo, que embala a inflação. A situação ameaça a recuperação econômica mundial e coloca milhões de famílias em crise diante da escalada do custo de vida.
“Mais petróleo é necessário”, disse Hardy. Até o final deste ano, a demanda diária deve ficar 1 milhão ou 2 milhões de barris acima do patamar observado no final de 2019, por isso “todo o sistema estará bastante apertado”.
A recuperação da demanda de combustível ainda é desigual. Pelas estimativas da Vitol, o consumo diário de gasolina nos EUA atualmente é 400.000 barris menor do que em fevereiro de 2019.
“Ainda achamos que (o consumo) é afetado pelo home office”, disse Hardy. As pessoas “não estão dirigindo para o trabalho”. Os preços altos também podem fazer com que os motoristas diminuam o uso dos automóveis, acrescentou.
O aumento da demanda é puxado por veículos pesados movidos a diesel, mas o consumo de querosene de aviação permanece limitado pelo menor número de voos de longa distância.
A oferta de petróleo está crescendo, mas não tão rápido quanto os consumidores precisam, segundo Hardy.