Petróleo, gás e soja: Veja se commodities ajudarão o mundo em 2024
O começo de 2024 pode parecer calmo para a maioria das commodities, com uma produção recorde de soja e outros grãos e aumento nas exportações de petróleo por países fora da Opep+. Entretanto, as previsões dos analistas consultados pelo The Economist sugerem que essa sensação pode mudar no decorrer do ano.
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Para o jornal, há três fatores que podem alterar essa normalidade: os eventos climáticos extremos, cenários de recessão econômica global e conflitos mundiais.
A influência dos eventos climáticos extremos
Para commodities como gás e grãos, o vilão pode ser a atuação dos eventos climáticos extremos, que, desde 2023, preocupam o globo por trazerem temperaturas muito acima ou muito abaixo do esperado.
Com relação ao gás, além de as sanções econômicas contra a Rússia terem prejudicado o projeto de gás natural Arctic LNG 2, o Julius Baer também fez suas previsões para os Estados Unidos, com base no inverno que países do hemisfério norte vivem no momento.
Para Norbert Rücker, analista do grupo, as temperaturas muito abaixo do esperado em partes do meio-oeste do país fazem com que a demanda por gás aumente. De acordo com ele, há chances de desligamentos temporários em produções devido ao congelamento de equipamentos.
Ainda para o gás, de acordo com a Rystad Energy, “um longo período congelante poderia forçar a Europa a usar 30 bilhões de metros cúbicos de gás a mais, o equivalente a 6-7% de sua demanda normal”.
De acordo com Régis Chinchila, da Terra Investimentos, um fator que pode fazer com que o cenário mude negativamente para os grãos é o El Niño, que surge como risco para as lavouras e já começou a afetar as produções de milho e soja brasileiras.
Voltando à Rússia, invernos rigorosos acima do esperado no país fariam com que a produção de trigo fosse afetada. O consumo de trigo é previsto para atingir taxas recordes e os estoques não estão tão bem assim, em vias de atingir os níveis mais baixos desde o período entre 2015 e 2016.
A recessão econômica também pesa nas commodities
As previsões de crescimento econômico global continuam pessimistas, passando pela crença de que países poderão viver cenários de recessão ou ritmo desacelerado. Dessa vez, quem lidera as previsões para as commodities são os Estados Unidos. O país vem sendo alvo de atenção global pela ansiedade com relação aos cortes de juros propostos pelo Federal Reserve (Fed).
Além dele, analisar o contexto chinês também é importante para o Brasil. De acordo com Paulo Gala, economista-chefe do Banco Master, “as commodities, especialmente o petróleo e o minério de ferro, têm sofrido influências de notícias da China e problemas no setor imobiliário”.
Para Régis, apenas uma recuperação expressiva nesse setor seria capaz de sustentar os preços dos minérios nos atuais patamares.
Conflitos globais continuarão sendo pauta em 2024
Após um período turbulento no cenário internacional, com as guerras entre Rússia e Ucrânia e Hamas e Israel, as tensões no Oriente Médio vêm escalando e trazendo mais preocupações, e no centro delas está o petróleo.
Apesar de a produção de países fora da Opep+ ter aumentado e ajudar a segurar os preços, Jorge León, da Rystad, consultado pelo The Economist, acredita que “combates no Mar Vermelho, talvez ocasionados por uma campanha americana sustentada contra os houthis, poderiam fazer os preços do petróleo aumentarem 15%”.
O futuro das commodities ainda é incerto, mas a aparente calmaria atual não pode ser tomada como fato concreto para esses produtos.