Petróleo: Entenda o acordo firmado pela Opep para cortar produção
Por Investing.com – A indisposição do presidente dos EUA, Donald Trump, com o acordo nuclear com Irã, celebrado pelo seu antecessor Barack Obama com 5 países europeus em 2014, foi a tônica à dinâmica do mercado de petróleo em 2018. Desde a campanha eleitoral de 2016 Trump deu sinais de insatisfação e de ameaças de os EUA abandonar o acordo caso fosse eleito, o que se concretizou em maio deste ano. Além disso, o presidente americano prometeu retaliar empresas e países que fizessem negócios com os iranianos, com o objetivo de zerar as exportações da República Islâmica e sufocar economicamente o país rival.
Com a iminente saída do petróleo iraniano dos mercados internacionais em novembro deste ano – prazo dado por Trump para que empresas e países cessassem os negócios com o país -, os traders passaram a negociar os contratos futuros visando uma tendência de aumento do petróleo, o que culminou na elevação do preço no período, até chegar a US$ 76,90 no WTI e US$ 87,00 no Brent em outubro. Neste mês, no entanto, os EUA aliviaram as sanções, estendendo por mais algum tempo as importações petrolíferas de 8 países do Irã sem punição.
Paralelamente, a Arábia Saudita e a Rússia aumentaram a produção para compensar a retirada do petróleo iraniano do mercado. Mas o alívio das sanções, junto com os recordes de produção e exportação do petróleo de xisto dos EUA, inundaram o mercado internacional de petróleo, criando-se um quadro de sobreoferta, levando a uma queda vertiginosa nos preços em novembro, a maior para o mês desde a eclosão da crise financeira de 2008.
A forte queda do preço do petróleo mobilizou a OPEP e a Rússia, com especulações no mercado sobre corte de produção e por qual quantidade. O acordo de redução de oferta apenas se viabiliza com a participação da Arábia Saudita e da Rússia. Essa aliança foi celebrada, simbolicamente, durante a reunião do G-20 no último sábado (01), quando o príncipe herdeiro saudita Mohammed bin Salman – que estava publicamente isolado no evento devido à acusação de ser o mandante do assassinato do jornalista saudita no consulado saudita em Istambul, Turquia – foi cumprimentado entusiasticamente pelo presidente russo Vladmir Putin. O cumprimento foi interpretado como um avanço numa posição comum dos dois países na reunião da OPEP, que foi realizada na última sexta-feira, em Viena.
Ao longo da semana, o preço oscilou entre os US$ 50-54 no WTI e US$ 58-63 no Brent. Os dias que fecharam em alta foram embalados por notícias de corte de produção, especialmente quando o Estado de Alberta, no Canadá, anunciou uma redução de 325 mil barris por dia em sua produção para contrabalançar a queda do preço. Além disso, na segunda-feira o petróleo subiu 5%, impulsionado com a trégua da disputa comercial entre EUA e China, também celebrado na reunião do G-20. Os dias encerrados em baixa eram movidos de acordo com a especulação de que a Rússia não participasse de um acordo na redução da produção mundial.
Até quinta-feira, dia de início da reunião da OPEP, ainda não havia definição da redução da produção e a quantidade. Na sexta-feira, o empecilho passou a ser o Irã, que recusava a diminuir sua produção sob as sanções americanas e teve sua reivindicação atendida. O acordo, após entendimento de sauditas e russos, visa a retirada de 1,2 milhão de barris por dia do mercado a partir de 1º de janeiro de 2019, sendo 800 mil da OPEP e 400 mil de não-membros do cartel.
Ainda durante a semana, o Catar anunciou, na segunda-feira, sua retirada da OPEP. O objetivo do Reino catarino é se concentrar na produção do gás natural, do qual é o maior exportador, e fazendo duras críticas ao papel da Arábia Saudita na organização, acusando-a de não dar voz a outros países nas decisões do cartel. Mas o país tem participação reduzida na produção da OPEP, com 600 mil barris diários.
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