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Petróleo em US$ 87, retomada da celulose e o ano da carne bovina: BB projeta 2024 para ações e commodities

11 dez 2023, 13:33 - atualizado em 11 dez 2023, 13:33
commodities ações
Questões como o El Niño, recuperação da China, maior oferta e demanda mais fraca deve pesar sobre algumas ações (Imagem: Reuters/David Gray)

O BB Investimentos divulgou seu relatório de perspectivas para 2024, com destaque para as commodities no próximo ano, assim como para as ações.

De acordo com o banco, a demanda por celulose enfrentou desafios macroeconômicos em 2023, entre eles a expectativa de um crescimento global mais lento, especialmente na China, e a possibilidade de recessão nos EUA e
Europa.

Com isso, houve uma correção dos preços na primeira metade do ano, mas que reagiram positivamente diante do aumento das importações chinesas.

Para o BB, a recuperação dos preços dependerá de uma normalização da relação oferta e demanda, prevista para ocorrer apenas a partir de 2025, o que deve manter os preços em patamares mais baixos.

Além disso, para o petróleo em 2024, os preços devem ser limitados por uma combinação de demanda mais fraca e um patamar de oferta mais elevado, dada a mais recente decisão da Opep de apenas prorrogar para o primeiro trimestre de 2024 (1T24) os cortes de cerca de 2,2 milhões de barris/dia.

Dessa maneira, a projeção do BB é de um barril brent médio de US$ 87,10 para 2024. A diminuição de riscos geopolíticos combinada com um aumento nos estoques de petróleo nas últimas semanas retirou parte do prêmio de risco, voltando as atenções para o cumprimento das cotas da Opep e para a demanda chinesa.

Açúcar & Etanol

Na safra 2023/24, o crescimento da produção total de etanol deve ser de 9,2%, puxado por um forte aumento na produção de etanol de milho, que tem expectativa de elevação de 37% a/a, com novas adições de capacidade
seguindo como uma tendência para a próxima safra.

A produção do etanol de cana-de-açúcar deve aumentar 4,5% a/a, dada a demanda reduzida, devido à menor competitividade do biocombustível frente à gasolina, já que produtores que possuem flexibilidade no mix têm aproveitado o bom momento de preços de açúcar no cenário global para maximizar produção e aumentar posições de hedge.

Os preços de açúcar devem se manter elevados, já que a safra em países exportadores como Tailândia e Índia deve ser prejudicada pelo fenômeno climático El Niño, resultando em uma previsão de déficit global do adoçante.

Segundo o banco, corrobora para essa visão o recente declínio dos estoques, que chegaram ao menor patamar dos últimos catorze anos.

A previsão é de uma safra doméstica com mix mais açucareiro, na medida em que produtores já têm aumentado o volume de posições fixadas no adoçante para aproveitar as margens bastante superiores à média.

Soja, milho e o boi gordo

Em 2023, houve retração do preço da soja em relação aos patamares recordes dos últimos anos, especialmente pelo aumento da oferta e estoques mais confortáveis.

A Conab estima um novo recorde para a produção brasileira de soja na próxima safra, com aumento de área plantada e da produtividade, mas as preocupações com o clima em razão da presença e da intensidade dos efeitos do El Niño na safra brasileira trouxeram alerta adicional no acompanhamento das lavouras.

O plantio está atrasado em todas as regiões produtoras e a projeção para a produtividade do grão teve leve recuo em relação ao boletim divulgado no mês passado.

Por outro lado, as exportações brasileiras de milho atingiram volume recorde em 2023, com destaque para a demanda da China, que correspondeu a quase 30% do total embarcado pelo país no acumulado do ano até outubro.

Os preços do cereal arrefeceram, em linha com a maior disponibilidade do grão após o choque de oferta causado pela guerra entre Rússia e Ucrânia em 2022.

A queda da cotação do milho reduziu também a rentabilidade do cultivo do grão. Com isso, a produção brasileira na próxima safra deve retrair 10,2%, segundo a Conab, devido ao encolhimento da área plantada, especialmente da segunda safra, e da produtividade.

Ao longo de 2023, a arroba do boi-gordo, medida pelo indicador Cepea, acumula queda em torno de 15% em 2023, refletindo o aumento da oferta de animais para abate em razão da virada do ciclo pecuário no país.

Espera-se que este cenário prevaleça no próximo ano, favorecendo o segmento de bovinos. Ainda, diante da queda esperada na produção de carne bovina nos EUA, o Brasil pode aumentar sua participação no mercado global de exportações da proteína.

No mercado interno, as expectativas também são favoráveis, uma vez que a retomada da economia doméstica tende a impulsionar a demanda por carne bovina.

Ações em 2024

Com base no cenário para as commodities, o BB Investimentos conta com algumas recomendações e visões de ações para o ano de 2024.

No setor sucroalcooleiro, a seleção do BB fica por conta da Jalles Machado (JALL3), já que a empresa elevou recentemente sua capacidade de moagem e está implementando uma nova usina de açúcar, que ainda não esta plenamente precificado pelo mercado.

A Jalles tem boas condições de seguir aproveitando o bom momento nos preços de açúcar no mercado internacional, ao passo em que alguns dos custos mais elevados do pós-pandemia já arrefeceram e devem favorecer a geração de caixa.

Já no setor de agronegócios, alimentos e bebidas, a seleção do BB fica por conta da JBS (JBSS3), já que o bom equilíbrio entre a percepção de valor da empresa e os riscos associados à sua tese de investimentos favorece o frigorífico. 

Além disso, o processo de listagem nos EUA pode melhorar a comparabilidade da companhia com seus pares internacionais e expandir seus múltiplos atuais.

Fora essas ações, o BB enxerga que a Ambev (ABEV3) e a M. Dias Branco (MDIA3), empresas líderes de mercado nos segmentos em que atuam, fizeram valer seu poder de precificação em tempos de inflação elevada de custos com insumos.

Agora, diante da acomodação de preços de commodities, o caminho ficou livre para a recuperação de margens.

Veja as recomendações do BB Investimentos para as ações:

  • JBS: compra, preço-alvo de R$ 32 e potencial de alta de 35,6%;
  • Jalles Machado: compra, preço-alvo de R$ 12,50 e potencial de alta de 61,1%;
  • Ambev: compra, preço-alvo de R$ 16,00 e potencial de alta de 13,6%;
  • M. Dias Branco: compra, preço-alvo de R$ 48,00 e potencial de alta de 29,8%.

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