Petróleo cai e investidores dizem que cortes da Opep não serão suficientes
Os preços do petróleo tiveram forte queda nesta quinta-feira, devolvendo os ganhos de 10% do início da sessão, com investidores questionando se o acordo entre Opep e aliados para cortes de oferta responderia adequadamente ao colapso global da demanda por combustíveis causado pela pandemia de coronavírus.
Produtores liderados pela Arábia Saudita e Rússia tentavam bater o martelo sobre um acordo para responder ao excesso de oferta em meio a uma queda de 30% na demanda por combustíveis em todo o mundo, mas até mesmo um corte de 10 milhões de barris por dia (bpd) ou mais manteria milhões de barris encalhados, pressionando ainda mais as cotações.
“O colapso nos preços do petróleo é um resultado da realidade de que embora a Opep esteja cortando conforme esperado, simplesmente há petróleo de mais no espaço físico para venda, com poucos oleodutos para transportá-lo e pouquíssimos compradores para recebê-lo”, disse Scott Shelton, especialista em energia da United ICAP.
A Organização dos Países Exportadores de Petróleo e seus aliados, incluindo a Rússia, um grupo conhecido como Opep+, considerou cortes de até 15 milhões a 20 milhões de bpd, ou de 15% a 20% das ofertas globais.
No entanto, o ministro do Petróleo do Irã disse que um corte de produção de 10 milhões de bpd valeria apenas para maio e junho de 2020. Entre julho e o final de 2020, os cortes seriam de 8 milhões de bpd, e a partir do próximo ano cairiam para 6 milhões de bpd, segundo ele.
“O mercado precificou muita expectativa nos últimos dias”, afirmou John Kilduff, sócio do fundo de hedge Again Capital.
Os contratos futuros do petróleo Brent fecharam em queda de 1,36 dólar, ou 4,1%, a 31,48 dólares por barril, enquanto o petróleo dos Estados Unidos recuou 2,33 dólares, ou 9,3%, para 22,76 dólares o barril. Esses foram os menores níveis de fechamento para ambos os contratos em uma semana.