Petróleo mais caro pode ser risco para corte na Selic? Veja o que diz especialista
O preço do barril de petróleo pode ser um grande obstáculo para a inflação, contaminando custos de bens e serviços, principalmente no transporte, elevando os combustíveis. Mas como será que isso pode impactar o IPCA no Brasil?
Pedro Rodrigues, diretor do CBIE (Centro Brasileiro de Infraestrutura e Energia), acha difícil essa alta de agora da commodity influenciar na decisão da Selic desta próxima reunião do Comitê de Política Monetária (Copom). “Principalmente, pela Petrobras (PETR3; PETR4) não estar mais seguindo o PPI (preço com paridade internacional)”, afirma.
O Brent atingiu seu maior nível em 11 meses, batendo US$ 95 na última terça-feira (19), e trazendo uma maior percepção de risco inflacionário. No entanto, sem o repasse da commodity com base no preço internacional, não se sabe “quando essa alta será passada para os preços e quando isso vai acontecer”, diz o consultor.
A aposta do mercado para a reunião do Copom nesta quarta é de uma redução de 0,50 pontos base, reduzindo a Selic para 12,75%. No entanto, o Banco Central já mostrou que a situação pode mudar de acordo com os riscos presentes.
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Risco de inflação pode afetar Selic
“A conjuntura atual, caracterizada por um estágio do processo desinflacionário que tende a ser mais lento e por expectativas de inflação com reancoragem parcial, demanda serenidade e moderação na condução da política monetária”, diz a ata da última reunião do Copom, realizada em agosto.
“Essa alta do preço do petróleo acarretaria numa tendência de subir os preços no Brasil”, diz Rodrigues. Segundo ele, no entanto, “é difícil afirmar em quanto tempo o petróleo pode subir, ou quanto tempo ele vai se manter em alta”.
Mas o consultor afirma, categoricamente, que a commodity “está numa tendência de alta”, e acredita que pode bater US$ 100 no curto e médio prazo.
Ele cita como obstáculos para uma redução no preço a restrição da oferta pela Opep+, que cortou a produção de barris neste ano e anunciou um plano para novos cortes, além de um aumento na demanda. “Temos um recorde na demanda global de combustíveis”, diz.