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Petróleo a US$ 90 desafia dinâmica do mercado, diz banco; por que alta preocupa?

07 set 2023, 15:09 - atualizado em 07 set 2023, 15:09
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Cortes anunciados pela Arábia Saudita podem ser compensados, defende banco suíço (Imagem: Pixabay/ARMBRUSTERBIZ)

O preço atual do petróleo Brent a US$ 90 o barril parece desafiar a dinâmica fundamentalista do mercado, afirma o Julius Baer.

Nesta semana, a Arábia Saudita e a Rússia anunciaram a prorrogação dos cortes voluntários de oferta até o fim do ano, levantando preocupações nos investidores quanto a uma potencial escassez da commodity nos próximos meses.

O anúncio serviu de combustível para uma arrancada nos preços do petróleo, com o Brent e o WTI, este com contratos negociados nos Estados Unidos, atingindo máximas em 2023.

Norbert Rücker, economista no Julius Baer, levanta que os cortes anunciados pela Arábia Saudita podem ser amplamente compensados por outros agentes do mercado, incluindo Irã.

Rücker destaca que as exportações de petróleo do Irã já parecem compensar mais do que a metade dos cortes anunciados pela Arábia Saudita.

Além disso, a China não deve adicionar muito à demanda global de petróleo daqui para frente, considerando os desafios econômicos atuais enfrentados pelo gigante asiático e a mudança em direção à transição energética, diz o especialista.

Dessa forma, o banco suíço enxerga mais potencial de queda do que de alta para o petróleo. Julius Baer reforça que o mercado deve apertar mais no curto prazo, mas a tendência perderá força e mudará com a dinâmica da oferta e da demanda.

“No curtíssimo prazo, o momentum bullish (otimista) pode ganhar mais força, enquanto no médio prazo as políticas das nações petroleiras parecem prontas para uma redefinição”, comenta Rücker.

Na avaliação do Julius Baer, olhando além das nações petroleiras, o crescimento robusto na produção do Brasil e do Canadá e a mudança nas expectativas de uma produção de xisto mais estável nos EUA entregam um panorama mais confortável para o cenário de oferta.

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Alta do petróleo preocupa

O avanço nos preços do petróleo volta a mexer com os mercados globais, pesando para as perspectivas. Isso porque a commodity, nos níveis atuais, renovou preocupações quanto à resiliência da inflação, diz Matheus Spiess, analista da Empiricus Research.

Spiess explica que a decisão da Arábia Saudita de estender os cortes até o fim do ano traz risco de inflação adicional para a economia global, com ênfase nos EUA.

“Um aumento adicional na inflação poderia pressionar os consumidores e dificultar os esforços dos bancos centrais em todo o mundo para conter a inflação”, explica o analista, em newsletter enviada nesta semana.

Os mercados monitoram de perto o ritmo da atividade norte-americana. Nesta quinta-feira (7), o Departamento do Trabalho dos EUA informou que os pedidos de auxílio-desemprego caíram para 216 mil na semana passada, nível mais baixo desde fevereiro. Economistas ouvidos pela Reuters esperavam que os novos pedidos subissem 234 mil.

Os dados sugerem que o mercado de trabalho norte-americano continua aquecido, o que acaba frustrando uma visão mais construtiva dos investidores quanto à postura que o Federal Reserve (Fed) pode ter em relação aos juros na próxima reunião do Comitê Federal de Mercado Aberto (Fomc, na sigla em inglês), marcada para 20 de setembro.