Petróleo

Petróleo a US$ 90: Commodity pode colocar fim à farra das bolsas; entenda

27 jul 2023, 19:15 - atualizado em 28 jul 2023, 11:03
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Alta do petróleo pode virar dor de cabeça para as ações. (Imagem: REUTERS/Chen Aizhu/Arquivo)

Os mercados de petróleo vão encerrar o mês de julho embalados. Contratos futuros de Brent (referência internacional) e WTI (referência americana) estão cerca de 13% mais valorizados que estavam no início do mês.

Com isso, a expectativa é que o Brent consiga romper a ‘zona de lateralidade’, com preço médio de US$ 75 por barril, em direção a preços ainda não observados em 2023.

“Os astros se alinham para um rali do petróleo nos próximos trimestres”, comentou Francisco Blanch, estrategista-chefe do time global de commodities do Bank of America, ao portal Market Watch.

Para Blanch, o preço do Brent pode alcançar US$ 90 no início de 2024, em razão de um cenário projetado de aperto de oferta que pode perdurar pelos próximos 18 meses.

Os fatores que sustentam esse cenário já são bem conhecidos: efeito do cortes de produção dos países produtores da Opep, menos exportações russas, recompra dos Estados Unidos para a composição da reserva estratégica nacional de petróleo (SPR, na sigla em inglês) entre outubro e novembro e a ignição da economia doméstica da China.

Diante desses gatilhos, o time de estrategistas do BofA vê motivos para acreditar que o ‘tempo de calmaria’ do mercado de ações pode em breve se deparar com uma nova tempestade.

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Alta do petróleo pode acabar com festa das bolsas

Depois de maio, quando se chegou a um acordo sobre o teto da dívida estadunidense, um ritmo de festa tomou conta de Wall Street. Nasdaq e S&P 500 estão em um bull market desde meados de junho, enquanto o Dow Jones vem acumulando a maior sequência de ganhos desde 1987,

No Brasil, o Ibovespa também parece ter conseguido finalmente romper a marca dos 120 mil pontos, sendo impulsionado pela melhora do cenário fiscal e, sobretudo, a proximidade do ciclo de afrouxamento monetário.

Em ambos os casos, o apetite do investidor se desenvolve em paralelo a um arrefecimento da inflação, sobretudo, àquela relacionada a bens de consumo. Nesta categoria, inclui-se derivados do petróleo, como gás natural e gasolina; conta também os alimentos, que possuem variações de preço atreladas aos combustíveis.

Agora, com uma provável elevação de preços da commodity, pode voltar a ser motivo de preocupação a ressurgência da inflação de combustíveis e alimentos.

“Um novo aumento de preços de gasolina e energia nos meses a seguir, desencadeados por ações da Opep e da Rússia, podem turvar o cenário macroeconômico e levar a novas e inesperadas altas nos juros”, alerta Blanch, referindo-se aos contextos dos EUA e na Europa.

Na maior economia do mundo, o Fed acabou de realizar um aumento de 0,25 ponto percentual na taxa de juros, mas deixou subentendido que novas altas não são o cenário prioritário. É com isso que os mercados contam para continuar deslanchando.

Caso os juros nos Estados Unidos avancem para além da faixa atual, especialistas do mercado entendem haver espaço para correções significativas nos índices acionários.