Petróleo a US$ 250? É o que acontecerá, se guerra em Israel engrossar, diz Bank of America
O petróleo pode bater em US$ 250 por barril, caso a guerra de Israel contra o Hamas ganhe maiores proporções e se transforme em um conflito regional que envolva grandes produtores da commodity, sobretudo o Irã. A previsão é do Bank of America (BofA), que divulgou relatório nesta quarta-feira (25), alertando os investidores.
Segundo o BofA, o mercado ainda não percebeu o quanto a situação no Oriente Médio pode piorar. É verdade que, para usar um termo caro aos analistas, o ataque do Hamas contra Israel em 07 de outubro, que matou cerca de 1.400 pessoas, era um grande cisne negro. Mas a eventual escalada do conflito, com a consequente disparada do petróleo, está mais para um cisne cinza.
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Nesta tarde, os contratos futuros de petróleo do tipo Brent com vencimento em dezembro subiam 1,49%, a US$ 89,38. Assim, se o pior cenário desenhado pelo BofA se confirmar, estaríamos diante de um salto de 180% no preço da principal commodity de energia do mundo.
É claro que este é o cenário mais extremo traçado pelo banco. Seus analistas estudaram também situações intermediárias, que poderiam causar altas eloquentes, mas não tão dramáticas, na cotação do barril.
Petróleo: Alta do preço será diretamente proporcional à escalada da Guerra Israel-Hamas
Caso o Irã se envolva diretamente na guerra entre israelenses e palestinos, o banco estima que o petróleo alcance patamares entre US$ 120 e US$ 130 por barril. Como se sabe, os iranianos são grandes aliados do Hamas, e os Estados Unidos já deslocaram dois porta-aviões para o Golfo Pérsico, a fim de desencorajar qualquer agressão direta do Irã a Israel.
Por ora, o Irã atua mais nos bastidores. Hoje (25), por exemplo, o secretário-geral do Hezbollah, Hassan Nasrallah, encontrou-se com o Número Dois do Hamas, Saleh Al Aruri, e com o líder da Jihad Islâmica, Ziad Nakhaleh. O encontro ocorreu no Líbano e seu objetivo foi discutir uma estratégia comum para garantir a vitória dos palestinos.
“Foi feita uma avaliação do que os partidos do eixo da resistência devem fazer nesta fase sensível para alcançar uma vitória real para a resistência na Faixa de Gaza, e parar a agressão traiçoeira e brutal contra o nosso povo”, afirmou um comunicado do Hezbollah, outro grupo fortemente apoiado pelo Irã.
De acordo com o Bank of America, caso a guerra atinja a infraestrutura de produção e refino de petróleo dos países envolvidos, o preço do óleo cru passaria dos US$ 130. Avançando um pouco mais, se os ataques acarretassem um corte de produção da ordem de 2 milhões de barris por dia, o preço chegaria a US$ 150.
O BofA lembra que a tensão entre iranianos e israelenses não é novidade, com um histórico de confrontos indiretos nas últimas décadas. O problema, contudo, é que um envolvimento direto do Irã na atual guerra poderia levar os países ocidentais, liderados pelos Estados Unidos, a atacar diretamente o país dos aiatolás.
Se isso ocorrer, uma das consequências mais drásticas seria o fechamento do Estreito de Hormuz, uma estreita faixa de mar entre o Irã e os Emirados Árabes, que liga o Golfo de Omã ao Golfo Pérsico, e um importante corredor de escoamento da produção petrolífera do Oriente Médio.
Caso este cenário se concretize, o mercado global perderia o acesso ao óleo produzido na região. É nesta situação, que o BofA projeta uma disparada do petróleo até US$ 250 por barril.
BofA não está sozinho no alerta sobre disparada do petróleo
Embora soe alarmista, outros analistas apontam na mesma direção. Ontem (24), antes mesmo da divulgação do relatório do BofA, a analista Anna Sokolidou, especialista em petróleo e colunista do Seeking Alpha, respeitada plataforma de informações financeiras, publicou um texto com o mesmo espírito.
“Os traders de petróleo e os analistas subestimam as consequências do conflito Israel-Hamas no mercado de petróleo e na economia global”, afirmou Sokolidou. Ela acrescenta que a eventual escalada da guerra, chegando ao ponto de envolver outros países do Oriente Médio, poderia causar o corte no fornecimento de óleo e, por tabela, um salto no preço.
“Acredito que uma alta para US$ 200 por barril é possível, similar ao salto da cotação do petróleo durante a Guerra do Yom Kippur nos anos de 1970″, alertou. Pelo jeito, o cisne até pode ser negro e ser invisível aos olhos no momento, mas ele já está grasnando para todos ouvirem. O BofA e Sokolidou que o digam.