Petroleiros cobram ações da Petrobras junto ao MPT por Covid em plataformas
Petroleiros do Norte Fluminense, que atuam na Bacia de Campos, pediram ao Ministério Público do Trabalho que a Petrobras (PETR4) seja chamada a prestar esclarecimentos sobre o avanço da Covid-19 em plataformas de óleo e gás, após uma disparada de novos casos em unidades de produção, segundo documento visto pela Reuters.
Os casos de Covid-19 em plataformas de petróleo e gás do Brasil voltaram a apresentar tendência de alta desde o início de março, revertendo um movimento de queda visto no início do ano, apontaram dados da agência reguladora do setor ANP.
O diretor do departamento de saúde e meio ambiente do Sindipetro Norte Fluminense, Alexandre Oliveira, afirmou à Reuters que, mesmo nas plataformas operando com 70% da capacidade, em média, é grande o trânsito de trabalhadores.
“Essa redução de pessoal é fantasiosa… ainda tem muita gente embarcada junta”, disse Oliveira, citando uma das medidas que a Petrobras adota para minimizar os riscos.
Segundo ele, a Petrobras bateu recorde de produção no meio da pandemia, no ano passado, e não há “como manter um distanciamento no meio das atividades o tempo todo.”
Denúncias recebidas pela Federação Única dos Petroleiros (FUP) indicam casos de contaminação nas unidades offshore P-43, P-38, P-63, P-25, P-35, de acordo com o requerimento do Sindipetro ao MPT.
Conforme a última atualização de painel dinâmico da ANP que acompanha a pandemia, foram reportados 83 novos casos em plataformas de petróleo do Brasil na última segunda-feira, maior pico desde o final de janeiro.
Já na quarta-feira, foram reportados outros 26 novos casos.
Com isso, a média móvel dos últimos 15 dias apontou aproximadamente 30 novos casos em plataformas de petróleo na véspera, quase o dobro do visto no início do mês, quando os registros indicavam os menores níveis desde novembro.
A média móvel registrou o seu pico em 8 de janeiro, com cerca de 70 novos casos.
Levantamento da reguladora à Reuters indicou que oito plataformas chegaram a ser paralisadas desde março do ano passado por motivos de Covid-19.
Apesar de não haver indicação de alguma unidade paralisada no momento, a pandemia foi apontada pela ANP como motivo de uma queda de 8% na produção de petróleo em fevereiro, ante o mesmo mês do ano passado, quando a Covid-19 ainda não havia se espalhado pelo Brasil.
Os petroleiros querem que a Petrobras apresente protocolos mais rigorosos, como testes em três momentos distintos: no embarque, na metade do período da escala e no desembarque. Atualmente, a empresa realiza a testagem somente no embarque às plataformas.
A Petrobras não respondeu imediatamente a pedidos de comentários, mas a companhia tem informado adotar os mais rigorosos protocolos de prevenção.
Para evitar o vírus, a Petrobras realizou mais de 600 mil testes até agora, adotou o uso obrigatório de máscaras e alterou rotinas para viabilizar o distanciamento e reforço na higienização.
Nas plataformas, o protocolo envolve também uma quarentena domiciliar por 14 dias antes do embarque e teste diagnóstico RT-PCR antes do embarque, que impede a entrada nas unidades de funcionários com resultados positivos. As unidades operam ainda, atualmente, com cerca de 20% de redução no efetivo a bordo, em média, segundo a Petrobras.