Petroleira com dividendos: Bancão elege a ação para 2024 — e não é a Petrobras (PETR4)
O Santander elegeu a PetroReconcavo (RECV3) como a ação favorita para lucrar no setor de óleo e gás em 2024. De acordo com os analistas, a empresa reúne bons rendimentos. Além disso, a corretora também elevou recomendação da Enauta (ENAT3) de neutra para compra.
Mas não que isso tire o mérito da maior empresa do setor, a Petrobras (PETR3;PETR4). Os analistas Rodrigo Almeida, Walter Chiarvesio e Pablo Ricalde preferem a companhia à YPF (estatal da Argentina) e a colombiana Ecopetrol, dentro das empresas integradas, devido ao maior rendimento de curto prazo.
“Gostamos dos fortes rendimentos de dividendos de dois dígitos da Petrobras, impulsionados por potenciais dividendos extraordinários”, destacam.
O preço-alvo da ADRs da Petrobras é de US$ 19, potencial de alta de 21,6%.
Favorita, mas com menos potencial de alta
Apesar de eleger a PetroReconcavo como favorita, o Santander rebaixou o preço-alvo da empresa de R$ 38 para R$ 26, potencial de elevação de 21%.
Os analistas esperam que a empresa continue equilibrando seu potencial de crescimento de médio a longo prazo com geração de FCF (fluxo de caixa livre) de curto prazo e distribuição de dividendos (rendimento de FCF de 14% e rendimento de dividendos de 8% para 2024E).
“Esperamos que os custos de elevação permaneçam baixos, dado o crescimento esperado da produção, enquanto seu modelo de negócios verticalizado deverá permitir a entrega pontual dos projetos”, coloca.
Para Almeida, Chiarvesio e Ricalde, contratos de gás com bons preços também deverão proporcionar um piso nos preços, traduzindo-se numa perspectiva de vendas mais previsível e estável em comparação com os pares.
Por outro lado, dizem, há alta dependência da petroleira com a 3R (RRRP3) e a Petrobras na infraestrutura midstream (etapa intermediária no processo de produção de petróleo).
“Em suma, além da sólida geração de FCF de curto prazo, também vemos uma avaliação atraente de 3,4x e 2,2x EV/Ebitda (valor da empresa sobre resultado operacional) para 2024 e 2025, respectivamente, o que apoia a nossa classificação outperform”, discorrem.
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E a Petrobras, dá para encarar?
Na visão do Santander, sim. A petroleira disparou 60% em 2023 em meio a um cenário melhor que o esperado.
De acordo com os analistas, a força e a resiliência da empresa impressionam, impulsionados pelas operações de baixo custo do pré-sal no segmento de exploração e produção e apoiados por uma abordagem pragmática para preços nacionais de combustíveis.
“Embora a PBR tenha aumentado o seu plano de investimentos de cinco anos para 102 mil milhões de dólares (dos quais 11 mil milhões de dólares são para projetos ainda em avaliação), acreditamos que o quadro para aprovação de novos projetos e fusões e aquisições impede a empresa de se envolver em projetos destrutivos de valor”, coloca.
Além disso, a corretora lembra que a Petrobras permanece praticamente inalterada em relação ao plano anterior:
- resultados sólidos devem continuar a ser impulsionados pelo foco em E&P, impulsionado pelas operações do pré-sal, e margens de refino positivas;
- os investimentos controlados deverão manter a dívida bruta abaixo de US$ 65 bilhões, com alavancagem contida, permitindo assim um elevado pagamento de dividendos.
“Não vemos catalisadores fundamentais significativos para as ações nos próximos meses, mas observamos que a maioria dos eventos negativos com os quais o mercado estava anteriormente preocupado foram reduzidos, na nossa opinião”, destaca.
Enauta é compra
Para o Santander, as recentes mudanças de acionistas e de gestão na Enauta a tornaram uma empresa mais ágil. Os analistas esperam uma produção média de 33 barris equivalentes (kboed) em 2024, com o início das operações do sistema de desenvolvimento final (FDS) de Atlanta até o terceiro trimestre de 2024.
“Embora a execução de Atlanta em 2024 seja fundamental para a tese, esperamos que este projeto gere um rendimento fluxo de caixa livre de aproximadamente 94% em 2024-25”, destacam.
Ademais, no médio prazo, os analistas dizem que é possível que Enauta acelere os projetos
exploratórios dentro de seu portfólio atual, começando com Oliva (onde a Enauta poderia iniciar um sistema piloto utilizando a plataforma Petrojarl que atualmente opera em Atlanta).
“Em suma, vemos a Enauta sendo negociada a uma avaliação atraente de 1,5x EV/Ebitdax em 2024 e 0,6x EV/Ebitdax em 2025, o que (i) acreditamos ser injustificado dado o perfil de crescimento e (ii) apoia nossa atualização”, completam.