PetroChina recusa petróleo venezuelano diante de sanção dos EUA
A maior empresa chinesa de energia está desistindo de comprar petróleo diretamente da Venezuela, diante do aperto das sanções da Casa Branca contra o país sul-americano.
A China National Petroleum Corp. cancelou planos de embarcar aproximadamente 5 milhões de barris de petróleo venezuelano neste mês, após a ordem executiva do presidente americano Donald Trump, segundo pessoas a par do caso que pediram anonimato porque a informação é privada. A decisão pode ser outra dificuldade para o presidente Nicolás Maduro, que conta com China e Rússia para manter a Venezuela funcionando em meio à crise humanitária, desabastecimento de comida e hiperinflação.
A China se tornou o principal destino para o petróleo venezuelano após o anúncio, no fim de janeiro, de sanções dos EUA contra a Petróleos de Venezuela SA (PDVSA). O país pode ficar sem opções se a CNPC desistir de comprar o produto que é a fonte de receita que banca o regime Maduro. Até agora, os três carregamentos cancelados em agosto pela subsidiária PetroChina ainda não atraíram outros compradores, segundo relatórios aos quais a Bloomberg teve acesso.
A assessoria de imprensa da PetroChina se recusou a comentar especulações do mercado, citando a norma interna.
Em 5 de agosto, Trump assinou uma ordem executiva autorizando sanções contra qualquer um que oferecer suporte a Maduro. O líder da oposição Juan Guaidó, reconhecido pela Casa Branca como líder da Venezuela, tem apoio de mais de 50 países.
O recuo da PetroChina não significa que a nação asiática rejeitará totalmente o petróleo venezuelano. Outras empresas podem continuar abastecendo as refinarias independentes da China com o produto da Venezuela, segundo fontes.
A China tem demonstrado firme apoio ao governo venezuelano desde liberar ao falecido presidente Hugo Chávez o primeiro empréstimo garantido por petróleo. A nação asiática emprestou US$ 50 bilhões na última década em troca de petróleo que as refinarias locais transformam em combustível. Assim como a Rússia, a China está entre os 14 países que dão retaguarda a Maduro.
Este episódio marca a primeira vez em mais de uma década que a PetroChina deixa de fazer o carregamento de petróleo venezuelano, de acordo com dados compilados pela Bloomberg. A China importou 339.000 barris diários de petróleo venezuelano neste ano — a maioria via PetroChina. Porém, com as sanções americanas, a russa Rosneft passou a fornecer petróleo venezuelano para as refinarias independentes da China.