Comprar ou vender?

Petrobras: venda de refinarias reduzirá ingerência política na estatal, e analistas indicam compra

02 out 2020, 15:33 - atualizado em 02 out 2020, 15:38
O Credit Suisse disse que a decisão elimina riscos que, de outra forma, poderiam interromper o processo de venda

O julgamento no STF (Supremo Tribunal Federal) para decidir se a Petrobras (PETR3;PETR4) deveria ter aval do Congresso para autorizar a venda de suas refinarias assustou investidores e o Governo. O receio era que o processo de desinvestimento, fundamental para a empresa sair do buraco, atrasasse.

Analistas viram com bons olhos a vitória por 6 votos a 4 da empresa na corte. Segundo a XP Investimentos, o desinvestimento de ativos da companhia é de grande importância para a avaliação das ações da empresa.

Em relatório de início de cobertura, a corretora havia estimado uma oportunidade total de desinvestimento entre R$ 89 a R$ 115 bilhões para a Petrobras, o que se traduz em um valor adicional por ação de R$ 4,61 e 5,89/ação.

“Embora reconheçamos que nem todas as transações possam ocorrer ou que seus valores podem ser diferentes de nossas estimativas, qualquer avanço já seria visto como muito positivo para a Petrobras devido aos efeitos positivos de redução do endividamento e simplificação da estrutura corporativa”, diz a XP.

O Credit Suisse disse que a decisão elimina os riscos que, de outra forma, poderiam interromper o processo de venda.

“A alienação de refinarias atenua os riscos de interferência política nos preços dos combustíveis da empresa e na alocação de capital”, afirma.

A XP reiterou a recomendação de compra dos papéis da Petrobras, com preço-alvo de R$ 30 e R$ 29 para PETR4 e PETR3, respectivamente.

A corte entendeu que a operação que a Petrobras montou para viabilizar a venda das unidades faz parte da opção gerencial da companhia (Imagem: Marcello Casal Jr/ Agência Brasil)

Entenda o caso

O julgamento em questão chegou ao Supremo em julho a pedido do Senado, que solicitou ao STF que esclarecesse se a alienação de subsidiárias pretendida pela Petrobras era válida considerando a decisão da própria Corte, de 2019.

O Supremo Tribunal Federal decidiu em junho de 2019 (por 9 votos a favor e 2 contra) que o desinvestimento de subsidiárias de empresas estatais não necessitaria de aprovação do Congresso.

A aprovação apenas seria necessária para caso de privatizações das empresas diretamente detidas pelo Estado (as chamadas “empresas-mãe”).

O questionamento realizado pelo Senado foi o de que o governo estaria desmembrando as empresas estatais com o objetivo único de repassá-las à iniciativa privada, dessa forma contornando a necessidade de autorização legislativa em processos de privatização.

A corte entendeu que a operação que a Petrobras montou para viabilizar a venda das unidades, com a criação de subsidiárias e posterior alienação de ativos, faz parte da opção gerencial da companhia com o objetivo de aumentar a sua eficiência, na linha do voto vencedor dado pelo ministro Alexandre de Moraes.

“Estamos muito felizes. Sempre acreditamos no resultado positivo porque temos confiança na capacidade de nossa Suprema Corte”, disse o presidente da Petrobras, Roberto Castello Branco, após o julgamento.