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Petrobras: troca de comando eleva percepção de risco e gera dúvidas sobre venda de refinarias

22 fev 2021, 12:22 - atualizado em 22 fev 2021, 12:22
Petrobras
Os analistas da Ágora investimentos rebaixaram a recomendação da Petrobras para venda, com preço-alvo de R$ 24, devido à maior percepção de risco (Imagem: REUTERS/ Paulo Whitaker)

A Ágora Investimentos entrou para a lista das instituições que cortaram suas recomendações para os papéis da Petrobras (PETR4) após o presidente Jair Bolsonaro anunciar que indicou o general Joaquim Silva e Luna para ser o novo CEO da estatal, em substituição a Roberto Castello Branco.

Os analistas da Ágora rebaixaram a recomendação para venda, com preço-alvo de R$ 24, devido à maior percepção de risco na tese de investimento da companhia. Vicente Falanga e Ricardo França, autores do relatório divulgado pela corretora nesta segunda-feira (22), afirmaram que o novo rating reflete as “muitas perguntas a serem respondidas” no cenário de troca de comando.

Uma das preocupações da Ágora diz respeito aos desinvestimentos da estatal nas refinarias. Os analistas levantaram dúvidas quanto ao impacto que a troca no comando teria sobre a continuidade do processo de venda dos ativos.

“As empresas ainda estarão interessadas em comprar refinarias e/ou o processo pode ser materialmente atrasado e/ou com avaliações significativamente mais baixas?”, questionaram.

Outra pergunta não respondida é a potencial nova política de preços de diesel da Petrobras, para a qual a corretora já tinha chamado a atenção, considerando os riscos crescentes de precificação do biocombustível devido às reclamações dos caminhoneiros.

“Uma das demandas dos motoristas eram aumentos mais previsíveis/menos frequentes, o que provavelmente é o que uma nova gestão Petrobras poderia buscar implementar”, comentaram Falanga e França. “Em um cenário em que os preços do petróleo continuassem subindo, o desconto para a paridade internacional poderia aumentar significativamente. Um efeito colateral seria uma redução repentina nas importações, o que forçaria a Petrobras a mudar seu mix de refino de óleo combustível para diesel e/ou forçaria a Petrobras a importar combustível com milhões em perdas de Ebitda (estimamos cerca de US$ 900 milhões para cada desconto de 10% em diesel + gasolina)”.

A mudança na administração também aumenta a percepção de risco sobre a política de dividendos futura da companhia. A Ágora enxerga agora uma chance de 70% do seu dividend yield estimado para 2022 se materializar. De acordo com Falanga e França, o percentual mínimo que a Petrobras deve oferecer aos investidores é de 10%, acima do dividend yield médio de 6,2% a ser pago pelos pares globais no mesmo período.

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