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Petrobras sairá mais forte da “tempestade perfeita”, diz Credit Suisse

19 mar 2020, 16:36 - atualizado em 19 mar 2020, 16:36
Petrobras
Preparada: Petrobras entra na crise melhor do que no passado, diz Credit Suisse (Imagem: Agência Petrobras/Geraldo Falcão)

Ainda não se sabe quando os mercados se recuperarão do pânico causado pela pandemia de coronavírus e pela guerra entre árabes e russos para ditar os preços do petróleo no mercado mundial. Mas, quando tudo se acalmar, a Petrobras (PETR3; PETR4) estará mais atraente do que nunca.

A avaliação é do Credit Suisse. Em relatório assinado por Regis Cardoso, o banco afirma que “a Petrobras sobreviverá, navegando em águas revoltas no curto e médio prazo, mas, ainda assim, emergirá forte desta tempestade perfeita”.

O principal argumento do banco suíço é que a estatal tem condições de resistir a fortes quedas na geração de caixa, medida pelo ebitda, sem que haja risco de liquidez – isto é, disponibilidade de dinheiro para honrar seus compromissos.

De fato, o Credit Suisse estima que o ebitda da Petrobras possa cair para US$ 12 bilhões, se o barril do tipo Brent baixar para US$ 25. Trata-se de um belo tombo, em relação ao cenário-base do banco, em que o barril ficaria em US$ 63 e geraria um ebitda de US$ 36 bilhões para a petrolífera.

Dívida maior

Inevitavelmente, o endividamento da Petrobras aumentará. O Credit Suisse calcula que a relação dívida líquida/ebitda possa bater em 5 vezes, no pior cenário. Apesar disso, não há motivos para preocupação, de acordo com o banco.

“O aumento do endividamento não é uma questão crítica, uma vez que a Petrobras não possui qualquer obrigação [covenant] relacionada ao nível da dívida”, diz o banco.

O analista acrescenta que o breakeven [ponto em que custos e receitas se equilibram] da Petrobras é de US$ 35 por barril, o que afasta o risco de liquidez. Por isso, o banco não acredita que a companhia queimará “muito caixa”.

Outro motivo para não se preocupar com a estatal, de acordo com Cardoso, é que seu perfil de endividamento é “muito palatável”, já que cerca de US$ 4,5 bilhões em dívidas vencerão por ano, no próximo triênio. O analista lembra que a Petrobras possui US$ 8,3 bilhões em caixa e equivalentes.

“A Petrobras está muito mais preparada para este choque, que em 2015”, resume.