Petrobras refuta rota única para biodiesel, quer lançar ‘diesel verde’, diz diretor
A Petrobras (PETR4) refuta a ideia de que há apenas uma forma de se produzir biodiesel, afirmou nesta quarta-feira o diretor-executivo de Relacionamento Institucional e Sustentabilidade da empresa, Roberto Ardenghy, ao defender combustível feito por coprocessamento de diesel e óleos vegetais ou gorduras animais desenvolvido pela empresa.
A afirmação vem em um momento em que produtores de biodiesel têm pleiteado junto ao governo que o mandato do biocombustível no país permaneça considerando apenas a rota tecnológica atual do país, e que o novo combustível desenvolvido pela Petrobras seja estimulado em política própria.
“Essa é apenas uma mera rota, nós refutamos essa ideia de que o biodiesel tenha que ter uma rota… o biodiesel pode ser produzido de várias maneiras, segundo nossos técnicos na Petrobras, existem mais de 40 maneiras de se produzir biodiesel, algumas delas econômicas, outras não”, disse Ardenghy, ao participar de seminário da reguladora ANP.
O biodiesel no Brasil é feito majoritariamente a partir de óleo de soja, que responde por mais de 70% da matéria-prima.
“Mas o fato é que estamos trazendo aqui mais uma rota para incorporar ao mercado brasileiro… Os investimentos em coprocessamento tem esse objetivo, trazer mais esse elemento de competição ao mercado brasileiro, com produto de alta qualidade.”
A petroleira, que busca reduzir emissões de carbono em suas refinarias, e outros agentes representados pelo Instituto Brasileiro de Petróleo (IBP) pleiteiam a regulamentação do chamado “diesel verde” e sua inserção nos mandatos de mistura obrigatória.
Para a indústria petroleira, é importante que haja regulamentação que atraia investimentos para a produção de novos combustíveis mais limpos, incluindo a possibilidade de emitir créditos de descarbonização (CBios) referentes aos percentuais de diesel renovável eventualmente produzidos.
O setor de biodiesel defende, contudo, que o diesel coprocessado não pode ser comparado ao biocombustível, que é 100% feito a partir de produtos renováveis.
“Estamos em processo de apresentação desse produto para autoridades regulatórias brasileiras, achamos que esse produto não só cumpre os requisitos da lei do biodiesel, mas também tem por cima dele essa questão agregada de trazer ao mercado combustível de segunda geração muito importante”, frisou.
Outro ponto interessante, na visão do executivo, é que o biodiesel a partir do coprocessamento traz uma oportunidade de reduzir o prazo de colocação do produto no mercado, já que ele pode ser produzido em refinarias.
“Olhamos isso como um requisito ético, nossa responsabilidade perante a sociedade, política de segurança, meio ambiente e de responsabilidade social, mas também é uma política de necessidade de negócio para que a gente possa se manter competitivo e rentável em ambiente de transição para economia de baixo carbono”, afirmou.