Petrobras prova que boa gestão compensa até prejuízo bilionário
O prejuízo de R$ 2,7 bilhões reportado pela Petrobras (PETR3; PETR4) no segundo trimestre foi tratado com indulgência pelos analistas, nos primeiros relatórios divulgados nesta sexta-feira (31).
Já os investidores parecem apáticos em relação à empresa, no pregão de hoje. Ás 12h46, enquanto o Ibovespa operava com uma forte queda de 1,18% e marcava 103.773 pontos, as ordinárias da Petrobras subiam 0,94%, negociadas por R$ 23,54. Já as preferenciais caíam 0,66%, para R$ 22,67.
Quem já se manifestou prefere destacar a habilidade da companhia de reduzir custos e atravessar com segurança essa que é considerada uma das piores crises do mercado mundial de óleo e gás.
Regis Cardoso, que assina o relatório do Credit Suisse obtido pelo Money Times, afirma que “o segundo trimestre de 2020 não foi um trimestre comum para as companhias de petróleo ao redor do mundo. A indústria de óleo e gás navegou pelas águas muito turbulentas de uma crise sem precedentes”.
Firme no leme
Diante deste cenário, o analista acrescenta que “contudo, a Petrobras o fez com relativa tranquilidade”. Segundo o Credit Suisse, entre os feitos que merecem elogios, está a capacidade da companhia de gerar fluxo livre de caixa, ao mesmo tempo em que reduz em R$ 2 bilhões sua dívida líquida.
O banco suíço classificou o desempenho como “um feito memorável em tempos tão difíceis, quando muitas outras petrolíferas de renome caíram, vitimadas pela baixa dos mercados detonada pela pandemia de Covid-19”.
Por isso, o Credit Suisse manteve a recomendação de outperform (desempenho esperado acima da média do mercado) para os papéis, com preço-alvo de US$ 15 para as ADRs (American Depositary Receipts) da companhia listadas em Nova York (PBR). A cifra representa uma alta potencial de 65% sobre o fechamento de ontem (30).
Controle preciso
Thiago Duarte, Pedro Soares e Daniel Guardiola, que assinam o relatório do BTG Pactual (BPAC11), também relevaram a última linha do balanço da estatal. “Resultado fracos, em meio a um dos ambientes mais desafiadores da indústria petrolífera em décadas, eram, de algum modo, previsíveis”, afirmam.
O trio acrescenta que, neste momento, é melhor olhar para as variáveis que podem ser controladas pela Petrobras. Nesta área, a estatal deixou uma boa impressão. “Considerando-se os fatores que pode controlar, a Petrobras continua a se sobressair”, diz o BTG Pactual.
O destaque é a redução do custo médio de produção para US$ 6,6 por barril de óleo equivalente, o mais baixo já obtido pela companhia, em decorrência da maior participação do pré-sal no mix de produção. Por isso, o BTG Pactual reiterou sua recomendação de compra, com preço-alvo de US$ 10 por ADR.