Petrobras poderá se desfazer de participação maior na BR
Após abertura de capital da BR Distribuidora, prevista para acontecer nos próximos meses, a Petrobras poderá voltar ao mercado para, mais uma vez, se desfazer de uma fatia da sua participação na subsidiária de combustíveis. Segundo o presidente da estatal, Pedro Parente, ao estruturar a oferta de ações da BR, o conselho de administração da Petrobras optou por deixar espaço para vendas futuras, o que não significa, porém, que a companhia esteja disposta a abrir mão do controle da companhia.
“Essa foi uma discussão que levou em conta as posições dos diversos conselheiros e membros da diretoria e, naquele momento, foi entendido que, até para poder extrair no futuro valor naquilo que o pessoal chama de follow on (abertura de capital), tem que deixar espaço para vendas futuras. Não estou dizendo com isso que se admite vender o controle. Estou dizendo que não seria, talvez uma decisão que agregasse mais valor, já partir para uma venda dos próprios 50%”, disse Parente em entrevista exclusiva ao Estadão/Broadcast.
A venda de ações da BR foi tema de amplo debate e divergências no conselho da Petrobras em 2015, mas acabou sendo descartada por pressão do então presidente da Vale, Murilo Ferreira, que, na época, também presidia o conselho de administração da petroleira. O argumento do executivo era que as práticas de governança exigidas de uma empresa de capital aberto ainda não tinham sido implementadas na BR. Parente garante, porém, que “ela estará 100% preparada no dia do IPO”.
“Quando há uma decisão como essa, tem que ser adotada uma série de medidas, inclusive de governança, para que ela (a BR) esteja preparada”, acrescentou. O presidente da Petrobras admite que é do negócio de combustíveis que a estatal retira seu maior lucro, mais do que da produção do petróleo. Com foco nas unidades produtoras de derivados, as refinarias, a Petrobras trabalha agora para definir um modelo de formação de parcerias com outros investidores, que deve ser concluído até o fim do ano.
De certo, por enquanto, apenas a assinatura de um memorando de entendimento que pode levar a uma sociedade com a chinesa CNPC no Complexo Petroquímico do Estado do Rio de Janeiro (Comperj). “Olhando só para um lado, é claro que a CNPC vai querer só o que agrega o maior valor possível para ela. Mas tem o nosso lado também”, disse Parente, referindo-se a uma possível preferência do futuro parceiro por uma sociedade numa refinaria em São Paulo, principal centro consumidor.
“Mas só a vontade deles não vai permitir fechar uma parceria”, enfatizou O presidente da Petrobras afirmou ainda que a nova política de preços dos combustíveis, que completa um mês no próximo dia 30, está “bastante adequada para a Petrobras”. Não há no radar mudanças no atual modelo de oscilação diária de preços. Nesse mês, as variações foram quase diárias, o que, no fim, resultou numa queda de 1,2% para a gasolina e, em sentido oposto, numa alta de 1,2% para o óleo diesel.
(Por Fernanda Nunes, Mônica Ciarelli, Ricardo Grinbaum)