Petrobras (PETR4) volta a sofrer derrota na bolsa com falas de Lula; presidente cita ‘choradeira do mercado’
O mercado até teve um momento de esperança com as falas de Jean Paul Prates envolvendo os dividendos extraordinários da Petrobras (PETR4). O CEO da empresa estatal levantou que a possibilidade de distribuição de 50% dos dividendos extraordinários não está totalmente descartada, podendo ocorrer em caso de aprovação na assembleia de acionistas prevista para abril.
A expectativa desse pagamento extra chegou a levantar as ações da Petrobras nesta segunda-feira (11). Porém, o movimento de alta durou pouco.
A petroleira estatal terminou o dia no negativo, com os papéis ordinários e preferenciais marcando perdas de 1,92% e 1,30%, respectivamente, mesmo com a tendência de alta do petróleo.
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“Choradeira do mercado”
Falas de Lula sobre a Petrobras acabaram azedando o humor dos investidores. Em entrevista ao SBT, o presidente da República afirmou que a estatal não tem de pensar somente nos acionistas.
Lula disse que a Petrobras não pode ficar presa à “choradeira do mercado” e defendeu novamente que os recursos destinados a dividendos sejam aplicados em investimentos.
“Vou contar uma coisa para vocês, o mercado é um rinoceronte, um dinossauro voraz, ele quer tudo para ele e nada para o povo”, comentou o presidente, durante a entrevista.
As falas de Lula adicionam mais lenha à fogueira acesa na semana passada, quando o conselho de administração da Petrobras optou por não distribuir dividendos extraordinários – algo com o qual o mercado estava contando.
Prates comentou hoje que a decisão da maioria do conselho de administração de reter 100% dos dividendos extraordinários em uma reserva estatutária foi um ruído “perfeitamente contornável”.
Prates também comentou sobre as notícias circuladas na imprensa quanto a um possível envolvimento de Lula na decisão, negando hoje que o presidente da República tenha dado ordem direta sobre o tema.
Sem o tão aguardado anúncio dos dividendos extraordinários, a Petrobras chegou a perder mais de R$ 55 bilhões em valor de mercado na última sexta. A companhia também foi alvo de diversos cortes de recomendação por grandes bancos, o que acabou colocando mais pressão sobre a empresa na bolsa.
Banco ainda recomenda compra das ações
Em relatório divulgado nesta segunda, o Goldman Sachs cortou o preço-alvo das ações da Petrobras, com os analistas reconhecendo que existe um risco crescente de intervenção política na companhia, uma vez que foi sinalizado pelo próprio CEO que a diretoria da Petrobras propôs pagamento de dividendos extraordinários, não aprovado por membros do conselho que representavam o governo.
“Acreditamos que pode haver algumas preocupações no mercado sobre o potencial de decisões menos pró-mercado no futuro”, diz o banco.
Por outro lado, o Goldman Sachs acredita que parte desse risco está parcialmente refletida nas ações após o tombo de sexta.
Os novos preços-alvo da instituição para as ações da Petrobras são de R$ 43,50 (PETR3) e R$ 39,60 (PETR4). O banco manteve a recomendação de compra.