Economia

Petrobras (PETR4): Saiba por que a privatização da estatal não vai pra frente

29 mar 2022, 19:56 - atualizado em 29 mar 2022, 19:56
Petrobras (PETR4) privatização Adriano Pires
Ao oferecer o comando da Petrobras a Pires, Bolsonaro teria prometido privatizá-la num eventual segundo mandato (Imagem: Ag. Senado/ Geraldo Magela)

Na noite de segunda-feira (28), o governo anunciou a indicação do economista Adriano Pires para o comando da Petrobras (PETR4), em substituição ao general da reserva Joaquim Silva e Luna. Para convencer Pires, o presidente Jair Bolsonaro teria prometido privatizar a estatal, caso seja reeleito, segundo o UOL.

De acordo com o UOL, o presidente afirmou a Pires, defensor aberto da privatização, que a empresa dava muita “dor de cabeça”, e que se livrar dela seria a melhor opção. Se este foi, de fato, o argumento decisivo para que um dos maiores especialistas brasileiros em energia aceitasse a missão de comandar a maior estatal do país, a pergunta lógica é: afinal, é mesmo possível privatizar a Petrobras? Há condições políticas para isso, ou Pires teria caído no canto da sereia?

Para o cientista político e professor da FGV Claudio Couto, a privatização seria difícil para qualquer presidente, mas, no caso de Bolsonaro, o cenário é ainda mais improvável, por se tratar de um governo com má articulação no Congresso. “Algo assim exige uma capacidade de articulação que esse governo simplesmente não tem”, diz Couto.

Couto acrescenta que a desarticulação é também interna, já que os próprios integrantes do atual governo demonstram discordâncias em torno da privatização da estatal. “Isso não é algo que une o governo”, concluiu.

Em conversa com a imprensa também nesta terça-feira, por exemplo, o ministro Paulo Guedes afirmou que a privatização da empresa não está na agenda. Guedes também afirmou que a troca de CEO da Petrobras não é “fator importante”.

Chance quase nula de privatizar a Petrobras

Alessandra Ribeiro, sócia-diretora na área de macroeconomia e análise setorial na consultoria Tendências, também é cética, quanto à possibilidade de uma articulação política capaz de viabilizar a venda da petroleira para um grupo privado.

“Bem pouco provável, para não falar zero”, afirma. Ribeiro enxerga um dilema na sociedade com relação às expectativas sobre o papel da estatal.

Para a economista da Tendências, o entendimento de certos setores da sociedade de que a empresa, que segue o regime de economia mista, deve priorizar políticas públicas, como qualquer outra estatal, se soma ao rol de entraves para uma discussão mais sóbria sobre caminhos para a Petrobras.

“O que poderia ser feito é um trabalho de informação com a sociedade e o político médio, como foi feito na Previdência, apontando os problemas e informando”, sugere ela.

O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, pré-candidato do PT a um novo mandato no Palácio do Planalto e líder das pesquisas de intenção de voto, é um dos que defendem que a Petrobras continue controlada pelo governo federal.

Nesta terça (29), Lula prometeu, em conversa com representantes dos petroleiros, “abrasileirar” os preços dos combustíveis, caso eleito, e encerrando a atual política de paridade com o valor do dólar e do barril de petróleo no mercado internacional.

“Hoje para defender a Petrobras, é preciso construir um discurso para a pessoa que está cozinhando com lenha na calçada, porque não tem gás, para que ela perceba que aquela briga é dela. Que o cara que tem um carrinho que não pode mais tirar da garagem… ele tem que saber que essa luta é dele”, disse.

 

 

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