Petrobras (PETR4): Prova de fogo para nova política de preços começa agora; entenda
Ontem, a Arábia Saudita anunciou o corte de 1 milhão de barris por dia (bpd) na sua produção de petróleo, com o objetivo de evitar quedas dos preços internacionais da commodity. O corte faz parte de um acordo fechado com a Organização dos Países Exportadores de Petróleo e aliados (Opep+).
Pedro Rodrigues, diretor do Centro Brasileiro de Infraestrutura (CBIE), lembra que esse é o segundo corte anunciado em poucos meses, sendo que, em abril, a Opep+ confirmou cortes de até 1,16 milhão bpd. O problema é que o corte não foi suficiente para os planos do cartel.
“Esse corte já era esperado porque a Arábia Saudita e a Opep+ têm pregado uma política de tentar manter o preço do barril acima dos US$80, US$85. Então, quando teve o anúncio na semana passada do crescimento chinês, que ficou aquém do que os economistas esperavam, naturalmente tem uma diminuição na demanda do petróleo e o preço caiu”, disse em entrevista para o Money Times.
Já o analista Ruy Hungria, da Empiricus Research, destaca que o corte representa uma redução de cerca de 1% do petróleo que é atualmente negociado no mercado. Apesar disso, ele avalia que é uma boa notícia para as petroleiras, pois “quando se corta a produção significa menos petróleo no mercado e maiores preços para a commodity também”, afirmou na live Giro do Mercado.
Com isso, os preços do barril de petróleo subiram mais de US$ 1 dólar no mercado internacional: o tipo Brent, referência internacional, fechou o dia com alta de 0,76%, a US$ 76,71 por barril; já o WTI, referência nos Estados Unidos, teve alta de 0,57%, a US$ 72,15.
Política de preços da Petrobras
Essa alta no preço do petróleo será a primeira prova de fogo da Petrobras (PETR3; PETR4), desde que a empresa anunciou a sua nova política de preços dos combustíveis. O anúncio foi feio em meados de maio e, desde então, companhia deixou de usar a política de preço de paridade de importação (conhecida como PPI).
A nova estratégia comercial usa referências de mercado como: o custo alternativo do cliente, como valor a ser priorizado na precificação, e o valor marginal para a Petrobras.
“O custo alternativo do cliente contempla as principais alternativas de suprimento, sejam fornecedores dos mesmos produtos ou de produtos substitutos”, dizia o comunicado da empresa. “Já o valor marginal para a Petrobras é baseado no custo de oportunidade dada as diversas alternativas para a companhia dentre elas, produção, importação e exportação do referido produto e/ou dos petróleos utilizados no refino.”
Com isso, os reajustes continuarão sendo feitos sem periodicidade definida, evitando o repasse para os preços internos da volatilidade conjuntural das cotações internacionais e da taxa de câmbio.
“Essa política anunciada, na minha visão, é pouco transparente e pouco previsível. Acho que será um teste de fogo para essa nova política, porque hoje a defasagem da gasolina está muito alta. A gente está vendendo combustível aqui mais barato do que no mercado internacional, então se o preço subir e tem que subir aqui também”, afirma Pedro.
Dados do CBIE mostram que, nesta segunda-feira (5), a defasagem da gasolina está em 12,66%. Ou seja, o litro no Brasil está cerca de R$ 0,40 mais baixo que no resto do mundo. Já o diesel registra uma defasagem de 6,70%, ou R$ 0,21 o litro.