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Petrobras (PETR4): Produção e preço do petróleo caem em 2024; dividendos em risco?

04 fev 2025, 12:50 - atualizado em 04 fev 2025, 13:04
Petrobras
A Petrobras produziu menos em meio a um preço de petróleo em queda (recuo de 11% em 2024), o que baterá nos resultados do quarto trimestre (Wilson Melo / Agência Petrobras)

A Petrobras (PETR4) superou de longe as turbulências de 2024, após a saída conturbada de Jean Paul Prates, e ganhou a preferência da maioria dos bancos e casas de análise do mercado, com o maior número de indicações de compra em décadas.

Seus gordos dividendos, somado ao pragmatismo da CEO Magda Chambriard ao manter as contas em ordem, sem fazer grandes barbeiragens da condução da empresa, fizeram com que a petroleira se tornasse uma opção segura para investidores navegarem na bolsa.

Porém, se a Petrobras é quase uma unanimidade entre analistas, é também consenso que a companhia reportou números de produção fracos. No quarto trimestre, viu a sua produção total encolher 10% ante o ano passado.

Em 2024, a produção caiu 3%. Prova de que o mercado não gostou das cifras foi a reação na bolsa. Por volta das 11h41, a ação preferencial chegou a cair 1,52%, a R$ 36,93.

Em sua defesa, a Petrobras diz que a queda foi resultado da parada para manutenção do campo de Búzios, na Bacia de Campos, no Rio de Janeiro. Além disso, a companhia aproveitou para destacar que entregou o que prometeu em seu plano estratégico.

De qualquer forma, fato é que a Petrobras produziu menos em meio a um preço de petróleo em queda (recuo de 11% em 2024), o que baterá nos resultados do quarto trimestre. Seriam os dividendos a próxima vítima?

Petrobras: Muita calma nessa hora

Em relatório, o BTG diz que, de fato, a estatal mostrou números fracos, mas destaca que há razões sólidas para esperar uma retomada do crescimento em breve.

“Sim, é o começo do ano, mas já estamos vendo assimetrias positivas em nossas estimativas, mediante melhores preços do petróleo e câmbio. Além disso, o recente aumento nos preços do diesel sugere que os preços domésticos do combustível não se afastarão muito da IPP”, afirma.

Olhando para 2025, o BTG prevê menos interrupções de manutenção e
comissionamento de novas plataformas. Isso pode fazer a produção pular 2,52 milhões de barris por dia (mb/d) — alta de 4,5% no ano e um pouco abaixo da estimativa oficial da empresa de 2,3 mb/d para o ano.

Para a Empiricus, a PETR4 mostrou mais um trimestre de boa performance operacional, e tende a ver uma recuperação do volume de produção ao longo de 2025 e 2026, com novos sistemas entrando em operação.

O que esperar dos dividendos (e dos resultados)

Diante do conjunto da obra, o Itaú BBA prevê resultados mais moderados devido aos preços mais fracos do petróleo e volumes menores no quarto trimestre.

“Esperamos que os investidores se concentrem na execução de capex (investimentos) e dividendo nesse sentido”, prevê.

Dessa forma, o Itaú projeta US$ 3,3 bilhões em investimentos e US$ 10 bilhões em Ebitda, que mede o resultado operacional, levando a um dividendo ordinário de US$ 2,6 bilhões, rendendo 3,2%.

Já a XP projeta tombo de 30% no Ebitda, a US$ 10,5 bilhões, impulsionado por:

  1. menor produção;
  2. menor preço do Brent de US$ 74,7 (recuo de 6% no trimestre e 11% no ano); e
  3. preços de derivados marginalmente menores em termos de dólares devido à depreciação do real.

“Esse menor Ebitda deverá impactar o lucro líquido, que estimamos em US$ 800 milhões, afetado pelo efeito de perdas cambiais”.

De acordo com a política da Petrobras, a XP vê dividendos ordinários de cerca de US$ 3 bilhões, rendendo cerca de 3,4% trimestralmente.

Já o BTG projeta Ebitda em US$ 10,8 bilhões e o lucro em US$ 2 bilhões. O Ebitda  é 7% menor no trimestre, impactado pela queda observada na produção (desalavancagem operacional) e um declínio de 6% nos preços do petróleo.

“Acreditamos, no entanto, que o foco do investidor permanecerá nos dividendos, e antecipamos um pagamento substancial de US$ 3,3 bilhões (3,8% de rendimento), já que o capex deve totalizar “apenas” US$ 3,3 bilhões no quarto trimestre, culminando em US$ 14,2 bilhões para 2024″.

Veja a tabela abaixo:

Casa Estimativa Ebitda (US$) Estimativa Dividendos (US$)
XP 10,5 bi 3 bi
Itaú 10 bi 2,6 bi
UBS-BB 2,5 bi
Goldman Sachs 2 bi
Safra 11 bi 2,9 bi
BTG 10,8 3,3 bi

 O que fazer com a Petrobras?

A produção mais fraca não foi motivo para os analistas mudarem a recomendação.

Segundo o UBS-BB, a Petrobras continua entre as principais escolhas para o setor, dada a resiliência da empresa em FCF e racionalidade de alocação de capital. Isso apoia as expectativas de dividend yield de 16% para o ano, oferecendo proteção contra o ambiente macroeconômico complicado do Brasil.

O Goldman Sachs também reafirmou recomendação de compra, “com base no que vemos como um carry atrativo (rendimento potencial de dividendos de 14% em 2025, 12% de dividendos ordinários e 2% de remuneração extraordinária potencial)”.

Na visão do BofA, as preocupações sobre governança corporativa, preços de combustível e dividendos estão controladas.

“Reconhecemos que a decisão de aumentar os preços do diesel demonstra melhora na frente de governança corporativa. Além disso, continuamos a esperar forte geração de caixa e retornos no curto prazo. Vemos as ações sendo negociadas a 3 vezes o valor da empresa sobre resultado operacional (EV/Ebitda) em 26”.

Já a Empiricus diz que com a boa performance operacional, a Petrobras deve continuar sendo destaque em termos de dividendos. “Mas por conta do valuation mantemos recomendação neutra para os papéis, à espera de preços mais favoráveis”.

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Editor-assistente
Formado pela Universidade Presbiteriana Mackenzie, cobre mercados desde 2018. Ficou entre os jornalistas +Admirados da Imprensa de Economia e Finanças das edições de 2022, 2023 e 2024. É editor-assistente do Money Times. Antes, atuou na assessoria de imprensa do Ministério Público do Trabalho e como repórter do portal Suno Notícias, da Suno Research.
renan.dantas@moneytimes.com.br
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