Combustíveis

Petrobras (PETR4) pode subir preço da gasolina em até 25% para zerar defasagem

14 ago 2023, 15:43 - atualizado em 14 ago 2023, 15:56
Petrobras (Kaype Abreu/Money Times)
Reajuste de 25% na gasolina pela Petrobras parece “pouquíssimo provável”, diz economista (Kaype Abreu/Money Times)

A Petrobras (PETR3PETR4) precisa elevar o preço da gasolina em R$ 0,80 — ou 25% — para zerar a defasagem do combustível nas refinarias, calcula o economista-chefe da Ativa Investimentos, Étore Sanchez. Segundo ele, ainda assim, um reajuste nesse patamar parece “pouquíssimo provável”.

O economista-chefe lembra que o valor da gasolina na refinaria representa cerca de 35% do preço final, vendido nos postos de gasolina. Ou seja, um reajuste de R$ 0,80 no início da cadeia equivale a uma alta de R$ 0,26 nas bombas — ou um terço (1/3) do anunciado.

Segundo informações do colunista d’O Globo, Lauro Jardim, a Petrobras pode finalmente elevar os preços da gasolina e diesel nesta semana. Se confirmada, essa será a primeira alta nos preços desde 17 de junho do ano passado, quando anunciou reajuste de 5,18% na gasolina e de 14,26% no diesel.

O presidente da estatal, Jean Paul Prates, teria sido procurado pela Agência Nacional de Petróleo (ANP) para falar sobre o preço dos combustíveis. A agência já manifestou sua preocupação com a defasagem da gasolina, que está em 26% ante os preços internacionais. Em relação ao diesel, o número chega a 30%.

Procurada pelo Money Times, a empresa não se manifestou até a publicação desta matéria. O espaço segue aberto para seu posicionamento.

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Os combustíveis da Petrobras e a política monetária

Sanchez, da Ativa, ainda destaca que um eventual reajuste da gasolina da Petrobras em 9%, por exemplo, poderia ter um impacto de quase 15 pontos base no headline do IPCA.

O economista André Perfeito já alertava que a defasagem poderia criar ruídos desnecessários na condução da política monetária. “Apesar do mercado ter jogado a racionalidade para debaixo do tapete, a persistência em não termos um direcionamento mais claro da política de preços da Petrobras pode ter um custo desnecessário”, diz.

Segundo ele, a “batalha pelo curto prazo está ganha”, pois o Banco Central tem sinal verde para continuar cortando a Selic, mas a questão é o longo prazo. “Quando falo longo prazo me refiro as expectativas de inflação em horizontes mais longos. Estas estacionaram em 3,5%, acima do centro da meta de 3%, mas dentro do intervalo de confiança do regime de metas”, afirma.

Perfeito destaca que o BC disse que irá manter a taxa de juros em campo contracionista até ver as expectativas em horizontes mais longos recuarem. Contudo, caso a Petrobras diminua a defasagem, por mais que gere mais inflação no curto prazo, ajudaria a ancorar ainda mais as expectativas.

“Nem que seja por estratégia política, valeria a pena repassar parte das altas agora na gasolina. Melhor subir agora que em 2024, ano de eleições municipais”, diz o economista.