Petrobras (PETR4) perde US$ 3,6 bilhões em dividendos quando segura os preços, calcula BTG
Investir na Petrobras (PETR3;PETR4) em meio ao período eleitoral e elevação dos preços de petróleo não parece uma boa ideia, afirma o BTG Pactual em relatório enviado a clientes nesta terça-feira (31).
O banco espera mais altas do petróleo diante das sanções à Rússia provocadas pela guerra na Ucrânia, pressionando ainda mais a administração da companhia.
Na segunda-feira (30), a ação da Petrobras voltou a sofrer em consequência das incertezas em meio à troca de comando da petroleira.
De acordo com os analistas Pedro Soares e Thiago Duarte, separar a retórica das ameaças reais à política de preços está cada vez mais difícil.
Segundo a dupla, o que segura os investidores na ação da Petrobras são os gordos dividendos. Mas em um cenário de mudanças de preços, esse chamariz fica prejudicado, argumentam.
Pensando nisso, o BTG traçou dois cenários para a Petrobras:
Petrobras não subsidia importação, mas vende combustível com desconto
O fato da Petrobras segurar os preços dos combustíveis, por si só, já prejudica os dividendos da companhia, ressaltam os analistas.
“A empresa ter reduzido as importações de combustíveis (50% desde outubro) e ter começado a dividir esse fardo com as distribuidoras de combustíveis fez uma grande diferença”, colocam.
Por conta disso, a empresa deixa “dinheiro na mesa”, gerando pressões nos lucros.
“Estimamos, considerando o Brent à vista em US$ 120 o barril e o câmbio de R$ 5/US$, que a empresa está deixando US$ 6 bilhões (R$ 30 bilhões) de Ebitda, que mede o resultado operacional, na mesa para cada US$ 15/boe (barris de óleo equivalente) de desconto nos preços da gasolina e do diesel“, dizem.
Na prática, isso significa que US$ 3,6 bilhões em potencial de dividendos “evaporam” da Petrobras.
Petrobras subsidia importações
Na visão do BTG, os ruídos em torno da política de preços e a disparada dos combustíveis elevou a possibilidade para uma mudança na Petrobras. Se isso ocorrer, os dividendos vão diminuir, alerta.
Eles lembram que o Brasil consumiu 508 kboe/d de gasolina e 971 kboe/d de diesel, enquanto produzia apenas 447 kboe/d (88% da demanda) e 751 kboe/d (77% da demanda), respectivamente.
“Supondo que toda a diferença seja suprida por importações, que todas as importações de combustíveis sejam feitas pela Petrobras por um ano e preços do Brent em US$ 120/bbl, então o prejuízo incorrido pela empresa totalizaria US$ 1,5 bilhão para cada US$ 15/boe de desconto nos preços domésticos, ou menos US$ 0,92 bilhão em dividendos”, calculam.
Nesse cenário, eles estimam perda de Ebtida de US$ 7,5 bilhões e redução de US$ 4,5 bilhões em dividendos para cada desconto de US$ 15.
“Novamente, não achamos que um subsídio direto financiado pela empresa seja altamente provável, nem seria fácil de implementar. Mas acreditamos que as chances aumentaram”, argumentam.
A dupla conclui dizendo que com uma perspectiva que aponta para preços do petróleo ainda mais altos, levando a uma pressão ainda maior para manter os preços dos combustíveis inalterados, “preferimos jogar o setor com outros nomes e acreditamos que as ações da Petrobras permanecerão altamente voláteis de agora até outubro”.
O BTG segue com a recomendação neutra para a ação.
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