Coluna do Einar Rivero

Petrobras (PETR4) perde espaço e Vale (VALE3) assume liderança em volume financeiro na B3

05 nov 2024, 11:39 - atualizado em 05 nov 2024, 11:39
vale debêntures
A Vale assumiu a liderança em outubro de 2024, com um volume médio diário de R$ 1,35 bilhão. (Imagem: Reuters/Washington Alves)

A dinâmica de participação das principais empresas na B3 vem apresentando mudanças significativas ao longo de 2024, segundo levantamento da Elos Ayta.

As cinco maiores empresas em termos de volume financeiro médio diário representaram, juntas, 26,1% do total do mercado à vista da B3 em outubro. Trata-se de uma redução em relação ao pico de 32,8% registrado em fevereiro deste ano. Já o menor nível de concentração foi observado em julho, com 25,7%.

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No entanto, o que chama a atenção é de que a Vale (VALE3) assumiu a liderança em outubro de 2024, com um volume médio diário de R$ 1,35 bilhão, ultrapassando a Petrobras (PETR3; PETR4), que movimentou R$ 1,33 bilhão — o menor valor da estatal nos últimos 12 meses.

A Petrobras esteve atrás da Vale em termos de volume financeiro apenas em janeiro e novamente em outubro deste ano. A empresa atingiu seu auge em março de 2024, com impressionantes R$ 2,65 bilhões/dia, concentrando 13,6% do volume total negociado — o maior percentual registrado por uma única empresa no período analisado.

O levantamento considera todas as ações negociadas de cada empresa. No caso da Petrobras, por exemplo, o cálculo inclui a soma do volume financeiro das ações preferenciais e ordinárias. Já para a Vale, são consideradas apenas as ações ordinárias. Essa metodologia assegura que os dados reflitam com precisão a representatividade de cada empresa no mercado.

(Imagem: Elos Ayta)

A concentração em poucas empresas e a queda da Petrobras

A análise evidencia a forte concentração de volume financeiro em poucas companhias. As cinco principais — Vale, Petrobras (ações preferenciais e ordinárias), Itaú (ITUB4) e Bradesco (BBDC4) — detinham 26,1% do volume total em outubro de 2024, uma ligeira diminuição em relação aos 32,8% de fevereiro.

Esse fenômeno pode ser um indicativo da predominância de papéis de grandes companhias no mercado brasileiro, que continuam atraindo grande parte da liquidez. Tal concentração sugere uma menor diversificação do fluxo financeiro, um fator que, dependendo das circunstâncias macroeconômicas, pode aumentar a volatilidade dos índices e tornar o mercado mais suscetível a choques específicos de empresas.

A Petrobras apresentou uma queda de participação significativa ao longo de 2024. Em março, a empresa respondia por 13,6% do volume total do mercado à vista, uma participação que caiu para 7,9% em outubro, marcando uma retração de 5,7 pontos percentuais.

Essa redução reflete, possivelmente, fatores como oscilações no preço do petróleo, decisões estratégicas de negócios e movimentos do mercado em reação às incertezas políticas e econômicas.

Volume financeiro no setor bancário

Além da Vale e da Petrobras, os bancos Itaú Unibanco, Bradesco e Banco do Brasil (BBAS3) também figuram entre as empresas com maior volume financeiro na B3.

O Itaú Unibanco movimentou, em outubro, R$ 707 milhões/dia, representando 4,2% do total, enquanto o Bradesco atingiu R$ 570 milhões/dia, com 3,4% de participação. A participação do Banco do Brasil, por sua vez, manteve-se relativamente estável ao longo do ano, oscilando entre 2,1% e 3,1%.

Essa participação do setor bancário, que representa uma parcela significativa do volume financeiro da bolsa, reflete a relevância e a solidez dos grandes bancos no mercado brasileiro.

Entretanto, a concentração de volume nesses três bancos também indica uma dependência do mercado em relação ao setor financeiro. Essa dependência pode amplificar a volatilidade do mercado em períodos de mudanças econômicas ou políticas, como alterações em políticas monetárias ou flutuações na confiança dos investidores.

O levantamento da Elos Ayta destaca a dominância de grandes empresas no volume financeiro da B3, com destaque para a ascensão da Vale e a perda de protagonismo da Petrobras. Essa concentração em poucas empresas sugere uma dependência do mercado em ativos específicos, uma situação que pode ter implicações para a liquidez e a resiliência do mercado frente a choques internos e externos. O acompanhamento contínuo dessas movimentações é essencial para entender as tendências do mercado e antecipar possíveis desdobramentos econômicos.

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