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Petrobras (PETR4) parece não ter novas vendas de ativos próximas a fechar, diz senador

08 dez 2022, 13:57 - atualizado em 08 dez 2022, 13:57
Petrobras
“A Petrobras não pode olhar apenas a exploração e produção de petróleo”, disse o ex-ministro Aloizio Mercadante, um dos coordenadores da transição de governo (Imagem: Bloomberg)

Aparentemente, não há novas vendas de ativos da Petrobras (PETR4) a serem concretizadas nos próximos dias, disse nesta quinta-feira o senador Jean Paul Prates (PT-RN), ao participar de coletiva de imprensa para apresentar resultados dos trabalhos em curso pela equipe de transição do governo.

O grupo de transição da área de Minas e Energia vem pedindo à atual administração da petroleira estatal que suspenda os processos de venda de ativos que ainda forem possíveis, até que a nova administração assuma em 2023.

“Nós fizemos alguns pontos de alerta, solicitação expressa por parte do grupo de transição para que fossem suspensos processos de desinvestimentos, não se iniciassem novos”, afirmou o senador, a jornalistas.

“Aparentemente não há nada a se concretizar nos próximos dias.”

Prates ressaltou que toda administração nova tem o direito de analisar os próximos passos.

Na avaliação do grupo, há ativos “que até tem razão de vender”. Mas, segundo ele, “há muitos ativos importantes que podem ser objetos de reconsideração.”

“Nós vimos, de fato, ativos que até faz sentido desmobilizar e vender, pedaços de ativos antigos, sobras de participações em outros países”, disse.

“Há muitos ativos que são importantes e podem ser objetos de reconsideração em uma análise conjuntamente de futuro que possa aproveitar ou entregar esses ativos em uma nova formatação”, reforçou.

Mais cedo nesta quinta-feira, a Petrobras afirmou em um comunicado ao mercado que não houve qualquer decisão de suspender a alienação das refinarias que estão no programa de desinvestimentos da companhia.

O senador disse ainda que é muito preocupante a situação de “penúria” em que se encontram os órgãos de controle da área como Agência Nacional de Petróleo (ANP), que regula a atividade do setor de petróleo.

Outra constatação do grupo, conforme a integrante Magda Chambriard, é que a Petrobras tem atuado com grande foco na exploração e produção de petróleo, abrindo mão de investir em combustíveis renováveis, linha essa que precisa ser retomada na avaliação da equipe.

Maurício Tolmasquim, também membro do grupo, destacou que a produção de petróleo não deixará de ser a atividade central da petroleira, mas que a empresa terá como foco a transição energética, a exemplo do que fazem as maiores petroleiras do mundo atualmente.

“A Petrobras não pode olhar apenas a exploração e produção de petróleo”, disse o ex-ministro Aloizio Mercadante, um dos coordenadores da transição de governo, ao acrescentar que ela precisa maximizar a capacidade instalada de refino.

Segundo ele, se isso ocorrer, pode ajudar o governo a ter uma política de preço de combustível menos suscetível à taxa de câmbio.

Para Mercadante, o país está no colapso fiscal e Bolsonaro “quebrou o Estado brasileiro”.

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Setor Elétrico

Maurício Tolmasquim disse ainda que a equipe ficou “assustada” com o diagnóstico que encontrou na área de energia, sobretudo no setor elétrico, chegando a falar em uma “herança ruim” do governo do presidente Jair Bolsonaro.

Durante a coletiva, integrantes do grupo disseram que há o risco de o consumidor ter de arcar com essas ações, mas ressaltaram que o novo governo tentará tomar medidas para evitar que isso ocorra. Eles evitaram falar em aumento de tarifa.

Durante a coletiva, integrantes do grupo disseram que há o risco de o consumidor ter de arcar com essas ações (Imagem: REUTERS/Paulo Whitaker)

“O governo Bolsonaro deixou uma conta enorme a ser paga pelos consumidores nos próximos anos e é claro que o ministro que assumir as Minas e Energia… vai fazer todas as ações possíveis para reduzir essa conta para o consumidor”, afirmou Tolmasquim.

Nelson Hubner, outro integrante do grupo, avaliou que a escalada de concessão de subsídios ao setor elétrico deverá ser revertida no governo Lula.

Garimpo

Giles Azevedo, também integrante do grupo, disse que a equipe considera que houve um estímulo ao garimpo ilegal na Amazônia no governo Bolsonaro e que vai ser sugerida a revisão de atos e decretos a fim de dar maior estabilidade para a região.

“Não se trata de formalizar a atividade garimpeira, é realmente tentar construir uma mineração sustentável nem que seja de pequeno porte”, disse ele.

Mercadante afirmou que há organizações criminosas que dão sustentação ao garimpo ilegal. Para ele, será um desafio gigantesco definir como vai regularizar e desativar essas atividades.

O ex-ministro disse que a decisão sobre quais as medidas a serem tomadas e o alcance delas será uma decisão do próximo ministro de Minas e Energia em conjunto com o presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva.

“Não temos mandato para antecipar esse tipo de discussão”, disse.